sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Gregor Samsa Vive


Acho que sonhei vendo televisão ontem. Mais que isso: acho que tive um pesadelo kafikiano. Não pode ser realidade. Na TV THATHI, que exibia sessão da Câmara Municipal, o vereador Cícero Gomes da Silva, irado na tribuna, dizia ser impossível trabalhar na “casa” sem apresentar projetos inconstitucionais.
Em outro canal o Jornal da Globo apresentava pela milésima vez uma reportagem “completa” entrevistando casais que devido à crise estavam trocando viagens internacionais por pacotes turísticos no Nordeste.
Enquanto isso, o país pegando fogo. A polícia devolvendo uma jovem ao cárcere privado. Policiais civis e militares trocando tiros e tentando invadir o Palácio do Governo usando armas, gasolina e veículos fornecidos pelo Estado. Em Porto Alegre, o Governo Estadual botando os milicos na rua, mandou soltar a pua, bater, matar e prender. Em Ribeirão Preto, mãe de cinco filho menores era presa em flagrante ao tentar furtar uma lata de sardinhas num supermercado do Ipiranga.
Então viva o senhor Gregor Samsa que foi criado apenas para dizer, através da metáfora de sua existência, que as baratas são seres indispensáveis para a manutenção da natureza, ao funcionamento sistemático dela.

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