quinta-feira, 16 de julho de 2009

O mendigo ou o cão morto


Em “A História da Tigresa” o dramaturgo italiano e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1997, Dario Fo conta um soldado ferido na guerra e que abandonado pelos colegas no meio da floresta, é salvo por um tigre com quem passa a ter uma relação familiar.A convivência com o tigre o faz enxergar a alma humana, reconhecendo fraquezas nas relações de poder. Ao se recuperar dos ferimentos, ele retorna ao campo de batalha, desta vez com seus princípios renovados e a prepotência de um governo totalitarista que se configura como inimigo do próprio povo, alienando-o para lutar uma guerra em defesa de uma ideologia burguesa e mesquinha.

Bertolt Brecht, o maior dramaturgo alemão de todos os tempos,em “O Mendigo ou o Cão Morto”, conta um típico imperador que coloca em exercício toda a soberba, mediocridade e prepotência que emerge do ego imperial de alguém que pensa ter “vencido” um inimigo, execrando como um nada um mendigo que encontra a porta do seu palácio no momento em que comemora a sua “vitória”. Cabe então ao mendigo, acompanhado de seu cachorro morto, mostrar a este homem o quão medíocre ele é, desarmando-o com palavras e fazendo-o sucumbir pela própria soberba. Numa relação de amor e humildade, ele mostra a relação de interdependência que vivemos, podendo ter mais valia para um súdito, um cão morto de que seu imperador, vindo da guerra, traz consigo a vitória.
Lembrei-me destes dois textos ao ler hoje o noticiário nacional. Posso garantir que Brecht e Fo escreveram durante o século passado. Qualquer semelhança com histórias destes tempos presentes ou semelhança com presidentes da república ou senado seria apenas um exercício de uma visão repugnante que tiveram do futuro.
agilsonfilho@gmail.com

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