quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Pobres moços



Olivia acaba de completar 18 anos. Mora num duplex da Avenida João Fiuza, onde residem emergentes e milionários tradicionais da dourada sociedade de Ribeirão Preto. Dirige desde os 16. Nunca se sentou frente ao volante de um carro que não fosse importado. Quando está com preguiça, o que é muito comum, tem vários motoristas para lhe atender. Não freqüenta o comércio de Ribeirão Preto. Até o básico adquire na Daslu em São Paulo. Desde o pré-primário é aluna do Colégio Santa Úrsula, tradicional instituição de ensino, dirigida por freirinhas hipócritas. Apesar da educação refinada, oferecida pelas freirinhas hipócritas, Olivia é oca. Vamos dizer fútil, vazia. Infeliz...
Infeliz. Foi assim que a própria Olivia se qualificou durante entrevista coletiva que concedeu a imprensa ao deixar delegacia de polícia ontem à tarde.
Quando perguntaram por que infeliz, ela não teve dúvidas:
- Pensei que papai viesse me tirar daqui. Mas, não... Ele mandou o nosso advogado...
Olivia foi presa em flagrante e atuada por roubo e formação de quadrilha.
Dentinho também tem 18 anos. Mora na favela do Grilo, onde residem os deserdados da Califórnia Brasileira. Antes de aprender a dirigir já sabia fazer ligação direta em qualquer veículo. Frequenta o comércio de Ribeirão Preto sempre depois da meia noite e só entra nas lojas pelo telhado. Aprendeu soletrar na Febem. As marcas desta educação traz em várias partes do corpo.
Dentinho e Olivia se conheceram no decorrer de um seqüestro relâmpago. Ela a vítima.
Bateu a Síndrome de Estolcomo e Olivia, apesar de libertada, quis ficar na favela. Durante quinze dias furtou, roubou, seqüestrou, vivendo perigosamente uma versão moderna de Bonnei and Clyde.
Não deu outra: A casa caiu.
Mas, Olivia não ficou nem uma hora atrás das grades. Da delegacia foi, com o advogado, direto para o aeroporto. De lá para Madri .
Dentinho também não ficou muito tempo atrás das grades. Foi para o CDP, mas no dia seguinte o corpo já estava no IML. Foi esfaqueado na cela enquanto dormia.
No enterro, a mãe de Dentinho, conformada, sentenciou:
- Melhor assim. Foi um infeliz. Nem o pai conheceu...
-No aeroporto Olivia sentenciou:
-Sou uma infeliz. Papai nem veio se despedir de mim...

2 comentários:

Anônimo disse...

achei otima a morte do dentinho, um assaltante ou asssassino a menos pra nos aterrorizar, enquanto a mocinha eu preferia ir pra portugal onde vão todos os politicos que o governo quer afastar porque sabe de mais.

Anônimo disse...

Nossa! Que história!
E mais uma vez a corda arrebenta do lado mais fraco!