quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A inveja é uma merda


Prá mim inveja é pinto. Tiro de letra, porque tenho mais o que fazer. Nelson Rodrigues repetia sempre que a inveja faz mal prá quem a sente. Devora por dentro. Corrói as entranhas. Zuenir Ventura também tratou do assunto com maestria: O certo é que não existe aquilo que as pessoas chamam de “inveja boa”, toda inveja é destrutiva, se não for destrutiva é vontade ou admiração. Também não se pode confundir a inveja com o orgulho ou a cobiça. Nesta o objetivo principal é a obtenção do que se deseja, e não o fracasso de seu possuidor, naquele deseja-se manter o que já se tem, de preferência sem dividir o prazer e a glória com ninguém. Nada disso é inveja! A inveja se caracteriza pelo mal olhado do invejoso sobre o invejado. Ele não deseja o que o outro tem, mas sim que o outro deixe de ter, seu total fracasso, para que com isso se sinta realizado e feliz. É um sentimento realmente muito egoísta, e mal na mão dupla. Você sabe que não é capaz de atingir tal objetivo, sabe que fulano é perfeitamente capaz, mas torce para que ele não consiga também para se ferrar junto com você. É o não suportar o sucesso alheio.
Sobressair, destacar… não é isso que buscamos diariamente? Não são esses os degraus no caminho do sucesso? Mas a inveja não quer saber de subir degraus, ela quer ver os outros tropeçarem e rolarem escadaria abaixo… Não é saudável como o ciúme que nos faz querer manter o que temos, que nos deixa com aquele medo de perder que nos faz preservar. A inveja nos deixa roxo de raiva de um ser inocente que não nos fez mal algum, apenas foi bem sucedido em alguma coisa.

Não necessariamente o invejoso é mal, muitas vezes invejamos sem perceber, como por impulso, algo mais forte que nós e muitas vezes quando percebemos que estamos desejando mal para uma pessoa da qual gostamos e nos sentimos mal e culpados. A inveja é assim mesmo, como uma serpente, ela chega sorrateira, nos pica e quando menos percebemos já estamos destilando veneno. Não vou confessar meus pecados invejosos aqui, pois essa é mais uma características deste pecado, a inveja é inconfessável. Também já ouvi comentários maliciosos a meu respeito que só podem ter sido pronunciados por inveja, mas essa é outra de suas características, ela só nos atinge se nos deixarmos atingir. O invejoso nem sempre tem consciência de o que sente é inveja, ele confunde com ciúmes, raiva, desejo… a inveja é uma palavra tão forte, um pecado tão feio, que nunca é cometido de mente sã. Ela é injustificável.

O que podemos fazer é, sempre que esse monstrinho verde tentar se aproximar de nós, refletirmos racionalmente sobre a situação invejada e ver se ela nos provoca raiva o suficiente para desejarmos o mal de seu precursor. Normalmente é mais fácil sentir raiva do que lutarmos para nos igualarmos ou superarmos. É mais fácil tentar tombar do que nos esforçarmos um pouco mais. Mas não adianta, nosso olhar só vai atingir o ser invejado se ele assim permitir. De qualquer forma somos impotentes apenas invejando e é aí que os bons e os maus são selecionados. Os maus reagem com raiva e destruição, os bons com inteligência e perspicácia e acabam atingindo seus objetivos superando a inveja e atingindo o sucesso.

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