quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Não estás deprimido, estás distraído


Diante da desilusão que me pegou nesta semana, o amigo Zé Mauricio Cagno envia um texto de Facundo Cabral. No mínimo, tocante.
Facundo Cabral é um cantor Argentino (a cara do Magno Bucci), nascido em 22 de maio de 1937 na cidade de Balcarce, província de Buenos Aires, Argentina. Em tenra idade seu pai deixou a casa deixando a mãe com três filhos, que emigraram para Tierra del Fuego no sul da Argentina.
Cabral teve uma infância dura e desprotegida, tornando-se um marginal, a ponto de ser internado em um reformatório. Em pouco tempo conseguiu escapar e, segundo conta, encontrou Deus nas palavras de Simeão, um velho vagabundo
Em 1970, ele gravou "No Soy De Aquí, Ni Soy De Allá" e seu nome fica conhecido em todo o mundo, gravando em nove idiomas e com cantores da estatura de Julio Iglesias, Pedro Vargas e Neil Diamond, entre outros.
Influenciado, no lado espiritual, por Jesus, Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, na literatura por Borges e Walt Whitman, sua vida toma um rumo espiritual de observação constante em tudo o que acontece em seu redor, não se conformando o que vê, durante sua carreira como um cantor de Música Popular e, toma o caminho da crítica social, sem abandonar o seu habitual senso de humor.
Como um autor literário, foi convidado para a Feira Internacional do Livro, em Miami, onde conversou sobre seus livros, entre eles: “Conversaciones con Facundo Cabral”, “Mi Abuela y yo”, “Salmos”, “Borges y yo”, “Ayer soñé que podía y hoy puedo”, y el “Cuaderno de Facundo”.
Em reconhecimento do seu constante apelo à paz e amor, em 1996, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) o declarou "Mensageiro mundial da Paz”.
Vamos ao texto:


Não estás deprimido, estás distraído

Não estás deprimido, estás distraído.
Distraído em relação à vida que te preenche, distraído em relação à vida que te rodeia, golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me. O que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.

Não estás deprimido, estás distraído.
Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude.
Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.
E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte, apenas a mudança.
E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor.
Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. A mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha;
a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo.
E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo".
Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo.
Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas:
se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)
Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade,
disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.

Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso.
Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida.
Facundo Cabral

sábado, 1 de agosto de 2009

Verbas da Eletrobrás foram para contas de empresas dos Sarney



Autor(es): Bernardo Mello Franco
O Globo - 30/07/2009

Documentos inéditos em análise no Ministério da Cultura (MinC) apontam novas irregularidades e indícios de fraude em contas do Instituto Mirante, ONG presidida por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e alvo de investigações da Polícia Federal.

A entidade informou ter recebido R$ 220 mil da Eletrobrás para financiar projetos culturais no Maranhão, com base na Lei Rouanet. No entanto, auditores do MinC descobriram que parte dos gastos declarados não confere com os extratos bancários do instituto. Além disso, pelo menos R$ 116 mil — o equivalente a 52% do dinheiro captado — foram parar em contas de empresas ligadas à família Sarney.

O processo do Instituto Mirante se arrasta desde 2005, quando a ONG foi autorizada a captar R$ 4,32 milhões em dinheiro de renúncia fiscal.

Desde então, a entidade informou ter recebido R$ 220 mil da Eletrobrás — valor que tentou alterar posteriormente, sem convencer os auditores. Por causa dos problemas, a ONG chegou a ser declarada inadimplente seis vezes, como registra o sistema de acompanhamento dos processos do MinC.

Cansada de cobrar explicações, a coordenadora-geral de Avaliação e Prestação de Contas do MinC, Maria da Glória Rocha, ameaçou pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) a abertura de uma tomada de contas especial. O ultimato foi dado em 24 de março deste ano, em ofício enviado a Fernando Sarney. Depois disso, o Instituto Mirante apresentou novas justificativas, ainda não analisadas.

Listadas diversas irregularidades

As principais irregularidades estão listadas no “Relatório de análise financeira da prestação de contas final”, emitido em outubro de 2008 e enviado aos dirigentes da ONG. Segundo o documento, os valores apresentados pelo Instituto Mirante não conferem com os extratos bancários, e não foram apresentadas provas da movimentação bancária. Além disso, houve pagamentos indevidos a título de elaboração e agenciamento de projetos, entre outros problemas.

Segundo os papéis do instituto, o dinheiro foi captado junto à Eletrobrás, entre maio e dezembro de 2006. No período, a estatal era subordinada ao então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, que foi indicado por Sarney e está sob investigação da Polícia Federal.

Em maio, Fernando Sarney informou ter recebido R$ 70 mil para organizar o “Baile do Fofão”, apresentado ao MinC como uma festa de carnaval.

Posteriormente, ele alegou que o evento teria sido financiado com recursos próprios, mas os extratos bancários comprovam o depósito da Eletrobrás. Em dezembro, Fernando disse ter captado mais R$ 150 mil para o “Brilha São Luís”, que previa a organização de corais natalinos, a iluminação da Torre de São Francisco e a decoração natalina da cidade. Segundo admitiu o próprio Mirante, só o primeiro item saiu do papel.

Ao conferir as notas fiscais do processo, O GLOBO constatou que o instituto usou empresas ligadas à família Sarney para justificar o uso de mais da metade dos recursos. Só a TV Mirante emitiu recibos no valor de R$ 67 mil, a título de venda de publicidade para os dois projetos. A Rádio Mirante teria recebido R$ 7,2 mil, e a Gráfica Escolar, R$ 6 mil. A lista de notas inclui até a Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês (Abom), uma das ONGs da família suspeitas de desviar recursos públicos. A Abom emitiu duas notas no valor total de R$ 9 mil.

O processo também revela a existência de mais uma suposta empresa fantasma ligada à família Sarney: o Centro Brasileiro de Produção Cultural (CBPC), que emitiu notas fiscais no valor de R$ 27 mil para o Instituto Mirante. O endereço declarado pelo CBPC à Receita Federal é o mesmo em que funcionam, em São Luís, a TV Mirante, o jornal “O Estado do Maranhão” e o próprio instituto que captou o dinheiro. Nas notas fiscais, aparece outro endereço suspeito, visitado ontem pelo GLOBO. Lá funciona, desde 2006, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Maranhão.

Outro indício de fraude é um recibo assinado por Fábio Henrique Gomes Aguiar, que se apresenta como responsável pelo CBPC. Fernando Sarney enviou um ofício ao MinC nomeando Fábio como representante do Instituto Mirante junto ao ministério. Fábio é apresentado como roteirista do filme “O Dono do Mar”, baseado num livro de Sarney. Ele não foi encontrado ontem nos endereços e telefones informados ao MinC. A cópia de um dos cheques enviados ao ministério, no valor de R$ 7 mil, traz no canhoto a seguinte inscrição: “Fabão comissão”.

Ontem, Diogo Adriano, ex-secretárioexecutivo do Instituto Mirante, disse que o CBPC nunca funcionou no endereço declarado à Receita. Inicialmente, ele afirmou não conhecer a empresa. Quando soube que os recibos eram assinados por Fábio, confirmou o vínculo, mas não soube explicar os serviços prestados pelo suposto assessor de Fernando.

— Se eu não me engano, ele colaborou em alguns projetos, mas não sei dizer quais. Mas, com certeza, a empresa dele nunca funcionou no endereço do Mirante — disse.

Sobre o fato de a maior parte do dinheiro ter parado em contas de empresas da família, foi lacônico: — São os veículos líderes daqui.

A questão ética eu apresentei ao ministério, mas eles disseram que não havia problema algum.

O advogado Eduardo Ferrão, que defende Fernando Sarney, disse não conhecer os documentos do MinC.

sábado, 25 de julho de 2009

Hoje umas palavras de William Shakespeare



Eu aprendi
que a melhor sala de aula do mundo está
aos pés de uma pessoa mais velha;

[só o partilhar das experiências de quem já se encarregou de as arrancar dos dias, nos permite construir uma sabedoria útil]

Eu aprendi
que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;

[não há nada mais apaziguador do que sustentar nos braços a respiração tranquila do sono de uma criança]

Eu aprendi
que ser gentil é mais importante do que estar certo;

[o tratamento cordial que prestamos às pessoas com quem nos relacionamos fomenta uma convivência salutar]

Eu aprendi
que nunca se deve negar um presente a uma criança;

[certamente que uma das piores coisas é desfazer as ilusões que povoam a inocência de uma criança, portanto, porquê acabar com essa magia?]

Eu aprendi
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém
quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;

[quando desejamos para alguém algo com muita intensidade (como o único modo que nos resta para ajudar), a força do nosso desejo contribui para a sua concretização]

Eu aprendi
que não importa quanta seriedade a vida exija de você,
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;

[sem dúvida que sem um (no mínimo!) amigo brincalhão por perto seria impossível aguentar a seriedade que a vida nos impõe]

Eu aprendi
que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar
e um coração para nos entender;

[é na segurança de uma mão que se estende a compreensão, a paciência e a presença e é num coração puro que se oferece o melhor da vida]

Eu aprendi
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;

[as vivências que os nossos pais nos proporcionam são manuais importantes para regermos a nossa vida quando ela ganha proporções de responsabilidade]

Eu aprendi
que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;

[é com aquilo que Deus nos nega que aprendemos a contornar as dificuldades e a descobrir as alternativas]

Eu aprendi
que dinheiro não compra "classe";

[o dinheiro deve ser colocado ao serviço das nossas necessidades e ter sempre presente que o que verdadeiramente importa não tem um preço venal, conquista-se]

Eu aprendi
que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espectacular;

[este é um dos segredos para não deixarmos que os dias passem por nós de uma forma leviana e fugidia, temos que prestar atenção ao dia de hoje, para que possamos guardar o ontem e desenhar um amanhã mais risonho]

Eu aprendi
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

[todos nós temos as nossas fragilidades, os nossos momentos de desânimo e exaustão, e basta apenas a disponibilidade de uns ouvidos para escutar e pureza de um coração para interpretar como deve ser]

Eu aprendi
que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa?

[não se faz tudo num dia, mas devemos fazer o máximo que estiver ao nosso alcance em cada dia]

Eu aprendi
que ignorar os factos não os altera;

[por mais custoso que seja o acto de encarar de frente os factos que preferiríamos não ver, eles não desaparecem por fecharmos os olhos]

Eu aprendi
que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

[não conseguimos evitar que nos magoem, porém está nas nossas mãos limitar o tempo e as condições em que nos continuam a magoar]

Eu aprendi
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

[se bem que o tempo cura as feridas de um amor]

Eu aprendi
que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é cercar-me de gente mais inteligente do que eu;

[o outro é sempre mais inteligente do que nós num qualquer aspecto, embora a maioria das vezes nos esqueçamos que, de facto, temos sempre muito a aprender com qualquer pessoa]

Eu aprendi
que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;

[haverá melhor forma de brindar um desconhecido?]

Eu aprendi
que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

[ainda que digam que o amor nos deixa “cegos”, não é menos verdade que o seu poder transformador é o único caminho para procurar a perfeição possível]

Eu aprendi
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

[não deixa de ser complicado quando as circunstâncias da vida são demasiado duras e a nossa força começa a desfalecer; eis que surge a necessidade de ressurgir com a força de um gigante que evite que desistamos da essência dos nossos sonhos]

Eu aprendi
que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

[há um reaproveitamento constante das escolhas que fazemos, é como uma encruzilhada, na qual estamos todos ligados: as escolhas de que eu abdiquei corresponderão às primeiras opções de outra pessoa]

Eu aprendi
que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

[costumo defender que os portos seguros demoram muito tempo a descobrir-se e que a felicidade não pára sempre nem por muito tempo no mesmo lugar]

Eu aprendi
que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;

[guardemos as palavras doces e gentis para quando elas nasçam da alma e possam ser devidamente entendidas e valorizadas]

Eu aprendi
que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;

[qualquer um se pode submeter (sem prejuízo do seu livre-arbítrio) à doce ditadura do sorriso]

Eu aprendi
que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

[podemos sempre admitir, contrariar ou ignorar o que sentimos, mas jamais podemos evitar que isso tenha influências em nós]

Eu aprendi
que todos querem viver no topo da montanha, mas
toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

[o gozo de chegar às metas não existe na dimensão do pico atingido; se não formos retirando dos obstáculos, que vamos ultrapassando, a força da persistência e o orgulho de lhes sobreviver]

Eu aprendi
que só se deve dar conselho em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;

[eu defendo mais a ideia pessoana de que dar um conselho é não respeitar a faculdade de o outro errar e aprender a seguir]

Eu aprendi
Que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

[quanto menor é o tempo disponível, mais as nossas capacidades de gestão de tempo, tarefas e afectos são exploradas e, consequentemente, enriquecidas]

William Shakespeare

Eu aprendi com estas palavras que, às vezes, é à mesa de um café, num momento impreciso de uma noite fresca de Verão, que alguém, de uma forma simples e intuitiva (mas certeira!), nos recorda algumas evidências e nos atinge no ponto necessário

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O mendigo ou o cão morto


Em “A História da Tigresa” o dramaturgo italiano e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1997, Dario Fo conta um soldado ferido na guerra e que abandonado pelos colegas no meio da floresta, é salvo por um tigre com quem passa a ter uma relação familiar.A convivência com o tigre o faz enxergar a alma humana, reconhecendo fraquezas nas relações de poder. Ao se recuperar dos ferimentos, ele retorna ao campo de batalha, desta vez com seus princípios renovados e a prepotência de um governo totalitarista que se configura como inimigo do próprio povo, alienando-o para lutar uma guerra em defesa de uma ideologia burguesa e mesquinha.

Bertolt Brecht, o maior dramaturgo alemão de todos os tempos,em “O Mendigo ou o Cão Morto”, conta um típico imperador que coloca em exercício toda a soberba, mediocridade e prepotência que emerge do ego imperial de alguém que pensa ter “vencido” um inimigo, execrando como um nada um mendigo que encontra a porta do seu palácio no momento em que comemora a sua “vitória”. Cabe então ao mendigo, acompanhado de seu cachorro morto, mostrar a este homem o quão medíocre ele é, desarmando-o com palavras e fazendo-o sucumbir pela própria soberba. Numa relação de amor e humildade, ele mostra a relação de interdependência que vivemos, podendo ter mais valia para um súdito, um cão morto de que seu imperador, vindo da guerra, traz consigo a vitória.
Lembrei-me destes dois textos ao ler hoje o noticiário nacional. Posso garantir que Brecht e Fo escreveram durante o século passado. Qualquer semelhança com histórias destes tempos presentes ou semelhança com presidentes da república ou senado seria apenas um exercício de uma visão repugnante que tiveram do futuro.
agilsonfilho@gmail.com

terça-feira, 7 de julho de 2009

Rúbia, ficção ou realidade?



Rúbia tem vinte e poucos anos. Trabalha comigo há cinco. É ruiva natural. Olhos claríssimos. Ficam entre o verde e o azul. É levemente tímida. Uma timidez zen. Uma menina como outra qualquer, mas que difere em muito daqueles de sua geração. Rúbia é culta de maneira natural. Tão natural quanto à cor de seus cabelos. Quando não está nas filas dos bancos, no serviço geral ou fazendo aulas de teatro, lê Dostoiévsky, Gorki, Tchékhov,Machado, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Guimarães Rosa com a facilidade de um velho intelectual.
Fala pouco de si mas, fala muito quanto o assunto trata de seus ídolos ou daqueles que atualmente despreza com todas suas forças.
A quem despreza? A classe política.
Esse desprezo está causando dor e problemas a minha “secretária”, digamos assim.
É que mês passado Rúbia foi premiada num concurso literário oferecido pelo governo do Maranhão. O prêmio de R$ 5 mil incluía passagens áreas até São Luiz e estadia por uma semana em hotel de luxo.
Lá se foi Rúbia com seus cabelos ruivos naturais, olhos claríssimos que ficam entre o verde e azul e a timidez zen.
Durante uma semana participou de workshops literários, foi ao teatro, ao cinema, a bibliotecas... Fez amizade com outras jovens também premiadas em outros Estados.
No penúltimo dia resolveu por conta própria dar umas bandas por aí. Inadivertidamente foi parar num bairro conhecido por Liberdade.
Em Liberdade viu a miséria de perto. Não essa miséria que estamos habituados ver em ruas ou favelas de São Paulo, Rio...
Conta que viu a miséria extrema. Viu de perto à família lumpem, que só conhecia dos livros de Dostoiévsky,Gorky, Tchékov...
Conta que a ela foi oferecida uma garotinha de 12 anos por R$50, garota que poderia lhe servir como doméstica, ou seja, escrava pelo resto da vida em São Paulo ou para onde a “compradora” a levasse.
Ao último dia estava reservada uma cerimônia na Academia Maranhense de Letras. Rúbia pediu a palavra. Deram palavra a uma menina ruiva tingida de revolta, olhos injetados e sem timidez alguma.
Durante quinze minutos a paulista de Ribeirão Preto contou a experiência vivida em Liberdade. Falou sobre luta de classes, da fome, de revolta, da podridão destinada aos estratos inferiores da sociedade. Contrapôs Liberdade com a Ilha de Curupu, reserva ambiental que pertence a “famíglia” Sarney.
De volta ao hotel encontrou sua mala já no saguão. Informaram que sua estadia estava vencida. No aeroporto ficou sabendo que a passagem de volta fora cancelada.
Na rodoviária tomou um ônibus com o pouco que tinha na bolsa. Chegou ontem a Ribeirão Preto depois de cinco dias de viagem.
Hoje pela manhã Rúbia apareceu para trabalhar. Vestia camiseta preta com retrato de Che Guevara e onde se podia ler : Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.
Ah, no caminho de volta, Rúbia leu num restaurante de beira de estrada que Lula estava defendendo Sarney. Foi por isso que pintou “PT Nunca Mais” bem abaixo da frase do Che estampada na camiseta.
agilsonfilho@gmail.com blogdogilsonfilho.blogspot.com

quarta-feira, 10 de junho de 2009

LULA, A NOSSA MARIA ANTONIETA


- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, em entrevista exclusiva à agência de informações Reuters, que o Brasil fará um empréstimo de US$ 10 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI).


- Ontem o Fernando Kachassa me presenteou com uma cópia de "Garapa" o mais recente filme de José Padilha. É impressionante. O Filme mostra três famílias que sofrem com a fome. Das famílias que Padilha filmou, apenas duas recebem dinheiro do Bolsa Familia, enquanto a terceira não tem documentos para se registrar. Uma família tem duas filhas e está na região urbana de Fortaleza; outra tem 12 filhos e mora perto de uma cidade da zona rural do Estado, e a última tem três filhos e vive no "meio do nada", no interior.
Citando uma pesquisa sobre segurança alimentar feita pelo Ibase, Padilha disse que 11,5 milhões vivem a mesma situação das famílias de seu filme. Esse tipo de pesquisa, porém, não é capaz de “comprovar” se a fome existe de fato na população pesquisada, porque tudo se baseia em autodeclaração. Há uma ou duas perguntas objetivas, mas, na maior parte, elas medem mais expectativas, temores, frustrações. Um exemplo: “Nos últimos três meses, os moradores deste domicílio tiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de poderem comprar ou receber mais comida?” Com perguntas assim, a pesquisa concluiu que 21% dos beneficiários (11,5 milhões) têm insegurança alimentar grave (fome), 34%, moderada (restrição na quantidade de alimentos) e 28%, leve (não há falta de alimentos, mas o temor de que venham a faltar).

Pois então, que comam brioches. Viva Lula.Viva o FMI. Viva a nossa Maria Antonieta

terça-feira, 9 de junho de 2009

A Insensatez


Meus caros amigos:


Queria repassar este artigo tirado da coluna da Míriam Leitão (por sinal, uma mulher quase sempre do lado do desenvolvimento e não da conservação). Acho que permitir que esta MP sobreviva será um desastre nacional que vai na direção de muitos outros desastres regionais e locais. Vários destes desastres ambientais, na verdade estão nas mãos de gente como nós. Vão acontecer nos quintais de outras APAS, parques, ou áreas de proteção permanentes, que vão sucumbir não à ambição das grandes empresas, mas à ambição mesquinha e omissa de cada morador, político e comerciante. É a população que precisa mudar, se horrorizar e cobrar mudanças. Não temos mais tempo, em breve não teremos mais solos para plantar, não teremos montanhas para levar turistas, florestas para tirar fármacos e alimentos, para reverter o aquecimento global, não teremos água potável, e o minério que enriquece o momento, vai acabar e não deixará a riqueza para cobrir as despesas do desastre. Estamos dando algo que não tem preço por royalties insignificantes e empregos que somem na primeira crise mundial. Vamos pensar nisto? (Laudi)



A INSENSATEZ

Coluna de Miriam Leitão, O Globo, Sexta 5/jun

O confronto entre ruralistas e ambientalistas é completamente insensato. Mesmo se a questão for analisada apenas do ponto de vista da economia, são os ambientalistas quem têm razão. Os ruralistas comemoram vitórias que se voltarão contra eles no futuro. Os frigoríficos terão que provar aos supermercados do Brasil que não compram gado de áreas de desmatamento.

O mundo está caminhando num sentido, e o Brasil vai em direção oposta. Em acelerada marcha para o passado.

O debate, as propostas no Congresso, a aprovação da MP 458, os erros do governo, a cumplicidade da oposição, tudo isso mostra que a falta de compreensão é generalizada no país.

A fritura pública do ministro Carlos Minc, da qual participou com gosto até o senador oposicionista Tasso Jereissati (PSDB-CE), é um detalhe. O trágico é a ação pluripartidária para queimar a Amazônia.

Até a China começa a mudar. Nos Estados Unidos, o governo George Bush foi para o lixo da história. O presidente Barack Obama começa a dirigir o país em outro rumo. Está tramitando no Congresso americano um conjunto de parâmetros federais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O que antes era apenas um sonho da Califórnia, agora será de todo o país.

Neste momento em que a ficha começa a cair no mundo, no Brasil ainda se pensa que é possível pôr abaixo a maior floresta tropical do planeta, como se ela fosse um estorvo.

A MP 458, agora dependendo apenas de sanção presidencial, é pior do que parece. É péssima. Ela legaliza, sim, quem grilou e dá até prazo. Quem ocupou 1.500 hectares antes de primeiro de dezembro de 2004 poderá comprá-la sem licitação e sem vistoria. Tem preferência sobre a terra e poderá pagar da forma mais camarada possível: em 30 anos e com três de carência. E, se ao final da carência quiser vender a terra, a MP permite. Em três anos, o imóvel pode ser passado adiante. Para os pequenos, de até quatrocentos hectares, o prazo é maior: de dez anos. E se o grileiro tomou a terra e deixou lá trabalhadores porque vive em outro lugar? Também tem direito a ficar com ela, porque mesmo que a terra esteja ocupada por "preposto" ela pode ser adquirida. E se for empresa? Também tem direito.

Os defensores da MP na Câmara e no Senado dizem que era para regularizar a situação de quem foi levado para lá pelo governo militar e, depois, abandonado.

Conversa fiada. Se fosse, o prazo não seria primeiro de dezembro de 2004.

Disseram que era para beneficiar os pequenos posseiros. Conversa fiada. Se fosse, não se permitiria a venda ocupada por um preposto, nem a venda para pessoa jurídica.

A lei abre brechas indecorosas para que o patrimônio de todos os brasileiros seja privatizado da pior forma. E a coalizão que se for$a favor dos grileiros é ampla. Inclui o PSDB. O DEM nem se fala porque comandou a votação no Senado, através da relatoria da líder dos ruralistas, Kátia Abreu.

Mais uma vez, Pedro Simon (PMDB-RS), quase solitário, estava na direção certa.

A ex-ministra Marina Silva diz que o dia da aprovação da MP 458 foi o terceiro pior dia da vida dela.

"O primeiro foi quando perdi meu pai, o segundo, quando Chico Mendes morreu" desabafou.

Ela sente como se tivesse perdido todos os avanços dos últimos anos.

Minha discordância com a senadora é que eu não acredito nos avanços. Acho que o governo Lula sempre foi ambíguo em relação ao meio ambiente, e o governo Fernando Henrique foi omisso. Se tivessem tido postura, o Brasil não teria perdido o que perdeu.

Só nos dois primeiros anos do governo Lula, 2003 e 2004, o desmatamento alcançou 51 mil Km. Muitos que estavam nesse ataque recente à Floresta serão agora "regularizados".

O Greenpeace divulgou esta semana um relatório devastador. Mostrando que 80% do desmatamento da Amazônia se deve à pecuária. A ONG deu nome aos bois: Bertin, Marfrig, JBS Friboi são os maiores. O BNDES é sócio deles e os financia. Eles fornecem carne para inúmeras empresas, entre elas, as grandes redes de supermercados: Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar.

Reuni ontem no programa Espaço Aberto, da Globonews, o coordenador do estudo, André Muggiatti e o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda. O BNDES não quis ir.

A boa notícia foi a atitude dos supermercados. Segundo Sussumu Honda, eles estão preocupados e vão usar seu poder de pressão contra os frigoríficos, para que eles mostrem, através de rastreamento, a origem do gado cuja carne é posta em suas prateleiras.

Os exportadores de carne ameaçam processar o Greenpeace. Deveriam fazer o oposto e recusar todo o fornecedor ligado ao desmatamento. O mundo não comprará a carne brasileira a esse preço. Os exportadores enfrentarão barreiras. Isso é certo.

O Brasil é tão insensato que até da anêmica Mata Atlântica tirou 100 mil hectares em três anos.

Nossa marcha rumo ao passado nos tirará mercado externo. Mas isso é o de menos. O trágico é perdermos o futuro. Símbolo irônico das nossas escolhas é aprovar a MP 458 na semana do Meio Ambiente

segunda-feira, 8 de junho de 2009

E AGORA LULA ?


“Privatização de 67 mi de hectares da Amazônia equivale ao patrimônio de quase quatro Bancos do Brasil”, alerta Marina Silva
Altino Machado às 9:32 am


Marina Silva: "Lula tem uma oportunidade histórica de reparar o erro"


A senadora Marina Silva (PT-AC) viveu na semana passada um dos momentos mais tristes da vida dela, quando o plenário do Senado aprovou a Medida Provisória 458 sobre a regularização fundiária das ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União. Ferida, a ex-ministra do Meio Ambiente se entocou no Acre, conforme afirmou, para lamber as feridas e reforçar uma campanha para que o presidente Lula vete artigos da MP que permitem a utilização indevida de terras públicas.
- Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente - afirma a senadora em entrevista exclusiva ao Blog da Amazônia.
Ela não escondeu uma certa mágoa quando numa recente vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) olhou para ela da tribuna e anunciou que o presidente Lula havia pedido para ajudá-lo a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil.
- Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar - apela resignada.
De acordo com Marina Silva, considerando-se apenas o valor da terra nua, os 67 milhões de hectares que serão privatizados equivalem a R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros, que ficarão com 7,8 milhões de hectares e receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões.
Ainda de acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total, que ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 72% do total e ficarão com 49 milhões de hectares, sendo premiados com um patrimônio público avaliado em R$ 54 bilhões.
- O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”.
Marina Silva disse que o presidente Lula viverá mais que um dilema nesta semana, quando esgota o prazo para sancionar ou vetar a MP 458: terá a oportunidade histórica de reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.

Leia os principais trechos da entrevista:

Blog da Amazônia - Por que preferiu o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente?
Marina Silva - Foi uma escolha muito acertada, para acompanhar a criação da estrutura do ICMS Verde pelo governador Binho Marques. É uma iniciativa que combina os aspectos sociais e ambientais quando estabelece foco em saúde e educação. É apenas crescimento e não desenvolvimento qualquer iniciativa que não signifique melhoria da saúde e da educação. Quando o Acre estabelece que os prefeitos a serem beneficiados terão que fazer os processos de certificação, que está no âmbito dos programas de valorização dos ativos ambientais, isto é muito bom.
A senhora se controlou várias vezes para não chorar, mas não escondeu a insatisfação com os rumos da política ambiental brasileira.
Ando insatisfeita com fatos como o que foi constatado em Santa Catarina, que fez um Código Florestal inconstitucional no Estado que mais destruiu Mata Atlântica, que teve mais catástrofes ambientais e agora serve de modelo para desconstituir o Código Florestal Brasileiro. No Acre, o que está sendo feito é um arranjo responsável.
A senhora é mesmo uma jaguatirica, conforme se declarou?
Quando se fere uma jaguatirica, ela entra na sua toca para lamber as feridas. É o que fiz vindo para o Acre no Dia Internacional do Meio Ambiente. Eu tive três momentos muito tristes na minha vida. Um foi quando, aos 14 anos de idade, perdi duas irmãs num intervalo de 15 dias, perdi meu tio, que era o melhor mateiro do seringal Bagaço. Ele era um xamã. Foi criado pelos índios do Madeira, em Rondônia, desde os 12 anos de idade, até os 30 anos de idade, quando um dia ele apareceu na casa do meu pai. Ele nunca se casou. Ele era mesmo o melhor mateiro do seringal Bagaço. Podia soltar ele em qualquer lugar da floresta que ele voltava pra casa. E meu tio dizia que eu era a sua herdeira. E eu tinha muito medo de ser herdeira dele porque ele fazia um ritual de ficar, a cada sete anos, 40 dias isolado na mata, sem nada. E quando ele voltava para casa estava muito magro e as pessoas diziam que ele se tornava invisível no mato. Eu tinha muito medo dessa herança e pedia pra Deus: “Meu Deus, eu não quero ser herdeira do tio Pedro Mendes”. Eu era pequenininha quando ele veio com esse papo para mim e eu pensava: “A onça vai me comer, não tenho como ficar 40 dias dormindo sozinha, sem nada, dentro da mata a cada sete anos”. Ele morreu 15 dias antes de minha mãe morrer, que morreu seis meses depois de minhas irmãs. Esses foram os momentos mais tristes de minha vida. Depois veio o assassinato de Chico Mendes. Foi um momento muito triste também. O terceiro momento mais triste foi quando aprovaram a Medida Provisória 458. Quando subi naquela tribuna, fiz um esforço muito grande pra não chorar. Deus me ajudou e eu consegui.
Por quê?
Porque eu vi esforço de tantos anos e comecei a pensar no que significou o nosso presidente Lula ter sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional por causa do assassinato, no Acre, do Wilson Pinheiro, que presidia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Porque eu fiquei pensando no que significou as lágrimas do presidente Lula no enterro de Chico Mendes, misturadas com a forte chuva que caía naquele dia em Xapuri. Porque fiquei pensando no assassinato do padre Josimo, de irmã Dorothy Stang. Porque fiquei pensando o que significa a luta de abnegados procuradores da República, juízes que a todo o tempo eu recebo informações de que não podem ficar sequer na varanda de suas casas porque estão ameaçados de morte. Porque pensei no significado das lutas das lideranças rurais, de sindicalistas, diante do que foi aprovado pelo plenário do Senado. O projeto de regularização fundiária, como disse o ex-governador acreano Jorge Viana, já é um problema em si, mas a forma como ele foi encaminhado para o Congresso Nacional era bem mais problemática. Se fosse para resolver o problema dos pequenos, como está sendo dito, bastava que se fizesse um corte de quatro módulos fiscais ou 400 hectares, o que corresponde a 88% das propriedades e ocuparia uma área de 67 milhões de hectares de apenas 11,5%. Com a ampliação, até 1,5 mil hectares, nós vamos fazer uma anomalia: os 88% de pequenos produtores ficarão com 11% desses 67 milhões de hectares.
A senhora pode explicar melhor esses números?
Considerando apenas o valor da terra nua, esses 67 milhões de hectares valem cerca de R$ 70 bilhões. Mini e pequenos produtores, com até 400 hectares, são 81,1 % do total de posseiros. Ele ficarão com 7,8 milhões de hectares. Receberão patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os médios produtores, com áreas de 400 a 1,5 mil hectares, são 12% do total. Eles ficarão com 8 milhões de hectares e receberão um patrimônio público no valor de R$ 8 bilhões. Os grandes produtores, com áreas acima de 1,5 mil hectares, são 72% do total. Eles ficarão com 49 milhões de hectares. Receberão patrimônio público de R$ 54 bilhões.
A senhora chegou a comparar isso ao patrimônio do Banco do Brasil.
O patrimônio do Banco do Brasil é de R$ 18,4 bilhões. A privatização de 67 milhões de hectares da Amazônia equivale a distribuir o patrimônio público correspondente a quase quatro Bancos do Brasil. Esses 67 milhões de hectares correspondem às áreas da França e da Itália ou à área territorial dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina juntos. Corresponde, ainda, à área de quatro estados do tamanho do Acre. O grave é que se pensou a vistoria dessa imensa área baseada apenas no critério de auto-declaração, isto é, qualquer um pode dizer: “Esta posse é minha e eu tenho direito sobre ela”. Mas para caracterizar uma posse mansa e pacífica, os critérios estão na Constituição e no Estatuto da Terra. Apresentei uma emenda para corrigir, para fazer o recorte até quatro módulos fiscais. O relator nem considerou. Apresentei uma outra emenda, para que não fosse dispensada a vistoria. Também não foi considerada. Apresentei a proposta que se criasse um conselho de acompanhamento. Pelo menos essa foi acolhida, mas na verdade eram oito as emendas que apresentei.
E como tudo isso aconteceu? Como o presidente Lula se comportou durante todo esse processo?
Os motivos dele não têm nada a ver com o que de fato aconteceu. Eu acredito que ele se mobilizou pelas coisas boas, que seria basicamente resolver o problema fundiário. Aliás, isso já estava no Plano de Combate ao Desmatamento, dentro do eixo Ordenamento Territorial e Fundiário. E nós dizíamos: para fazer a regularização fundiária tem que fazer o zoneamento ecológico-econômico. O Acre fez, Rondônia fez, o Pará está fazendo e o Mato Grosso está fazendo há 20 anos e eu não sei porque que não é aprovado pela Assembléia Legislativa. Mas o que está se fazendo com a Medida Provisória é nivelar a todos por baixo. É por isso que fico pensando, com todo respeito, nesses meninos do Ministério Público, pois são todos muito jovens. Penso em todos aqueles que um dia acreditaram que um dia poderia ser possível fazer diferente. Ao invés de passar no teste, a gente altera o teste. O teste era fazer na forma correta. No dia daquela vigília no Senado em defesa da Amazônia, a senadora Kátia Abreu disse, olhando para mim, que o presidente Lula havia pedido a ela que o ajudasse a resolver o problema da regularização fundiária no Brasil. Já que eu não pude ajudá-lo nesse processo, quero pedir humildemente para que ele me ajude vetando os artigos que é possível vetar.
Por que não é possível vetar tudo?
Algumas coisas eles fizeram de uma forma muito inteligente, o deputado Asdrúbal Bentes, que cuidou da questão fundiária desde a época da ditadura militar no Estado do Pará. O projeto original dizia que a pessoa só poderia vender a terra depois de 10 anos, fossem grandes ou pequenos produtores. Ele mudou: estabeleceu que os pequenos podem vender só depois de 10 anos, mas os grandes podem vender após três anos. Os que ficarão com a maior quantidade de terra, os que usaram de mais violência -não estou falando dos corretos- poderão vender as terras após três anos. Esse artigo está numa parte da lei que não pode ser vetado. Quem puder, envie e-mail ao presidente Lula. Peça com carinho e respeito, como eu pedi na carta que enviei: “Companheiro Lula, vete a Medida Provisória 458″. É assim que cada um tem que fazer. As coisas têm que ser feitas com amor. Todo o discurso que tem sido feito é em nome dos pequenos, mas quem vai se beneficiar mesmo são os grandes, aqueles com áreas acima de 1,5 mil hectares, que ficarão com 8 milhões de hectares e que receberão um patrimônio público equivalente a R$ 54 bilhões, que corresponde a quase quatro vezes o patrimônio do Banco do Brasil. O procurador federal no Para, doutor Felício Pontes, disse: “A MP 458 vai legitimar a grilagem de terras na Amazônia e vai jogar por terra 15 anos de intenso trabalho do Ministério Público Federal no estado do Pará, n combate à grilagem de terras”. A situação na Amazônia é assustadora. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, de 1999 a 2008, foram mais de 5 mil conflitos envolvendo 2,7 milhões de pessoas; 253 assassinatos; 256 tentativas de assassinatos. Foram 1.377 pessoas ameaçadas de morte, a maioria lideranças rurais.
A senhora costuma dizer ao seu amigo Carlos Minc que deixou para ele uma boa marmita. Qual é o sabor dela hoje?
O sabor dela hoje é amargo por causa da Medida Provisória. No meu entendimento, deveria ter sido um projeto de lei e não uma Medida Provisória, para que a sociedade brasileira pudesse debater mais sobre algo tão importante. Mas existem outras tentativas tão amargas quanto essa. Daqui há alguns anos as pessoas vão começar a ver o impacto de tudo isso no país, particularmente na Amazônia. O que aconteceu é que os ministérios das Minas e Energia, Transportes e Agricultura estão se sobrepondo ao Ministério do Meio Ambiente. E agora existem alguns setores que querem fazer uma campanha de desqualificação do ministro Carlos Minc.
A pressão contra a gestão dele é mais firme do que foi contra a sua gestão?
Contra a minha gestão foi muito grave porque o que estava sendo feito era algo muito potente, como colocar 700 pessoas na cadeia.
Como a senhora explica, do ponto de vista político, o retrocesso?
Primeiro, houve um esforço muito grande para implementação da legislação. Barrar processos abertos, que estavam em curso há décadas, criou a expectativa de que isso fosse apenas fogo de palha. Não é à toa que durante cinco anos criou-se 4 milhões de hectares na frente de expansão predatória. Eliminamos verdadeiras redes de fraude. Existia, por exemplo, uma gráfica no estado de Goiás, que imprimia ATPF falsa com a mesma qualidade da que era impressa na Casa da Moeda. Todos esses esquemas criminosos foram desmontados e ainda se criou um sistema de monitoramento por satélite em tempo real. A cada 15 dias se tem uma fotografia da Amazônia inteira. A partir disso, a fiscalização vai a campo conferir o que está acontecendo. A partir disso, começou a surgir uma pressão muito grande para parar contra essas investidas.
Mas como se explica que o PT e o governo tenham permitido um retrocesso tão radical?
Contei com a solidariedade e o esforço da bancada. Eu diria que há, neste momento, uma força avassaladora de setores atrasados do agronegócio. Se nós não tivermos uma forte mobilização da opinião pública, esses setores vão avançar cada vez mais, passando por cima das conquistas da sociedade. Neste momento, existem cerca de 32 iniciativas de decreto legislativo que tentam revogar a defesa do meio ambiente e de reservas indígenas. Em lugar das pessoas trabalharem para recuperar a reserva legal elas estão querendo mudar o Código Florestal Brasileiro para diminuir a reserva legal. É um movimento que tenta desconstruir os avanços.
A senhora não teme que possa ter melindrado politicamente o presidente Lula ao ter enviado uma carta aberta? Com isso ele pode decidir não atender ao pedido de vetos à Medida Provisória.
Eu não tenho esse receio por causa da história que o presidente Lula tem. Ele não vai se ater a uma coisa mesquinha como essa. Ele vai avaliar o mérito e tentar reparar em parte o grande mal que é essa Medida Provisória. Eu espero, sinceramente, fazendo esse apelo ao homem público que ele é, à memória daqueles com os quais ele lutou junto, à contribuição que ele pode dar à história, que ele promova esse veto. É um apelo da bancada, do Partido dos Trabalhadores, e da maioria dos brasileiros. Ninguém pode se conformar em repassar um patrimônio público de R$ 70 bilhões àqueles que se apropriaram de terras públicas e daqui a três anos vão poder vender essas terras. Que pelos menos as pessoas jurídicas e as que têm prepostos não possam regularizar essas terras porque isto está na contramão da função social da terra.
Faltou empenho do Planalto para aprovar as mudanças que a senhora julga necessárias à Medida Provisória?
A política é a arte de tentar convencer. No plenário do Senado um grupo de senadores se esforçou e tivemos entendimento de um grupo de 20 senadores que queria aprovar as emendas. No meu entendimento, faltou esforço por parte do governo para tentar resolver o problema ali e não transferi-lo para o presidente. Agora está nas mãos do presidente Lula e com certeza ele vai olhar com muita responsabilidade.
O presidente está vivendo um dilema?
É mais que um dilema. É uma oportunidade histórica que tem para reparar um erro grave, ainda que seja um reparo parcial.
A senhora pretende procurar o presidente Lula para tentar convencê-lo pessoalmente?
Já fui até ao presidente Lula por meio da carta que enviei. Caso ele me convide, irei conversar, mas também, se for necessário, ainda posso tomar a iniciativa de procurá-lo pessoalmente.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A cana e a broinha de fubá


Em 92, depois de construir o Ópera de Arame e criar o Festival de Teatro mais importante do país, Jaime Lenner começou a transformar as salas de espera dos teatros públicos em áreas de convivência cultural. A idéia não deu certo só em Curitiba. Espalhou-se pelo Brasil. Em Campinas ou Fortaleza, por exemplo, as áreas de convivência foram ampliadas para fora dos limites dos saguões e do próprio teatro. São locais de efervescência cultural apropriados para um café, broinha de fubá e para o encontro de público e atores após o termino dos espetáculos. Servem ainda para “cafés filosóficos”, pequenos seminários, debates, lançamento de livros, ou apenas para a broinha de fubá como sonhou o ex-prefeito de Curitiba.
Mas como tudo tem um porém, em Ribeirão Preto, tão carente de espaços culturais, tudo acontece de forma contrária. Quarta passada, o público foi “convidado” a deixar o saguão, de forma constrangedora e pouco educada, no momento em que dialogava com o grupo francês, acompanhado de uma cantora brasileira, que acabara de se apresentar no Teatro Municipal. Ficou ao grupo de artistas e ao público presente uma péssima impressão da capital da cultura. Cultura de cana ao contrário da cultura da broinha de fubá.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Putaria do Planalto Ao Baixadão






Planalto
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), admitiu nesta quinta-feira (28) receber de forma irregular auxílio-moradia de R$ 3,8 mil mensais desde o ano passado. Ele disse ter ordenado o cancelamento do pagamento e prometeu debater novas regras para o pagamento do auxílio-moradia em reunião da Mesa Diretora que acontece nesta manhã.
Sarney tem residência em Brasília, o que impediria o recebimento do benefício. Seu caso agrava-se ainda pelo fato de que desde fevereiro, por ser presidente da Casa, ele mora na residência oficial do Senado.

No início da semana, ele negou o recebimento em conversa com alguns jornalistas, mas nesta quinta-feira retificou a informação. O presidente do Senado atribuiu o pagamento a algum erro administrativo. Segundo ele, em mais de 30 anos de mandato nunca pediu para receber o benefício.

“Quero pedir desculpas pela informação errada que eu dei. Eu nunca pedi auxílio-moradia, mas por um equívoco, a partir de 2008, me informaram que realmente estava sendo depositado na minha conta o auxílio-moradia. Eu já mandei retirar isso”, afirmou Sarney.


Baixadão

A.A.V.A. foi nomeada em fevereiro para chefe de seção de TI (tecnologia da informação) na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, mas, segundo funcionários do departamento, nunca apareceu no setor. Um servidor de recursos humanos disse que não existia ninguém com o nome dela no Legislativo.
No gabinete de Walter Gomes, assessores afirmam que A. estaria na Casa às terças e quintas-feiras. No entanto, ela trabalha no setor de fechamento de contas de uma maternidade e afirmou à reportagem que atua apenas no hospital.
Walter diz, porém, que ela faz “trabalhos externos” nos finais de semana. Ele afirma que ela é mesária em jogos de futebol organizados por ele (leia mais ao lado).
De acordo com o presidente da Câmara, A. será exonerada a partir do dia 1º de junho. Porém, Walter afirma que pode recontratá-la como assessora parlamentar, em vez de chefe de seção de TI. “Não sei por que ela foi nomeada nesse cargo, foi a presidência que passou.” O vereador comenta, entretanto, que não sabe se A. vai aceitar a recontratação.
O Ministério Público abriu inquérito para apurar se há improbidade administrativa na contratação.

‘Ela é mesária em jogos nos finais de semana’
O vereador Walter Gomes (PR) diz que A.A.V.A., suposta funcionária fantasma indicada por ele, atua nos finais de semana em trabalhos sociais e em jogos de futebol organizados por ele. “No meu gabinete não fica quase ninguém, o trabalho forte é nos finais de semana. Faço 120 campeonatos por ano. Em cada bairro da cidade eu tenho uma escolinha de futebol e tenho funcionários que trabalham lá.”
Ele diz que A. e o marido dela o ajudariam nos jogos de futebol. “Ela ajuda, é mesária, eu preciso de todo mundo e ela acompanha o marido dela.”
Questionado se as escolas de futebol fazem parte da atividade parlamentar, Walter diz que, se não fosse vereador, ele não poderia fazer essas atividades. “Esses meninos [das escolinhas] poderiam ser bandidos, te roubar e te matar, mas não são porque estão comigo”, afirma.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas é no Maranhão de Sarney que estão as cidades brasileiras com maior proporção de miseráveis.
Enquanto isso a fantasma A>A>V>A da Câmara Municipal de Ribeirão Preto leva R$ 5 mil para ser mesária de futebol na várzea.
VIVA A PUTARIA BRASILEIRA !!!


AINDA NOS JORNAIS DE HOJE
Mil desalojados dividem 4 chuveiros em abrigo sem latrinas no Maranhão
28/05/2009

Alessandra Corrêa
Enviada especial da BBC Brasil a Bacabal (MA)

Instalados há quase dois meses no Parque de Exposições do município de Bacabal, no Maranhão, mais de mil desabrigados pelas chuvas no Estado ainda são obrigados a dividir apenas quatro chuveiros improvisados e usar buracos cavados no chão como latrina.

Por todo o parque, é possível encontrar lixo e fezes na grama. Alguns desabrigados cavaram buracos no chão de cocheiras desativadas, que foram transformadas em latrinas improvisadas.

Segundo a coordenadora da Defesa Civil de Bacabal, Roseane Maria do Nascimento Silva, o município não tem como pagar o aluguel de banheiros químicos, que poderiam ajudar a solucionar o problema.

Apesar da limpeza diária feita por funcionários da Defesa Civil, o mau cheiro se espalha pelas instalações do parque.

Para tomar banho, os desabrigados contam com apenas quatro "chuveiros", na verdade, barracas de lona improvisadas com um cano por onde sai água.

No mesmo local, há uma torneira para lavar roupa e louça, cuja água cai no chão e se mistura à lama, lixo e fezes.

Mesmo assim, nem todos conseguem usar a água da torneira. "Tem fila todos os dias. Para lavar roupa, é preciso esperar horas", diz a dona de casa Ana Lúcia Ferreira da Silva, de 24 anos, que há um mês vive no parque com o marido e três filhos.


As primeiras enchentes deste ano em Bacabal ocorreram no início de março. Desde então, famílias obrigadas a sair de suas casas pelas chuvas começaram a ocupar, por conta própria, espaços privados como o parque.

Hospital

A falta de condições de higiene não é exclusiva do parque de exposições. Em um hospital abandonado perto dali, famílias numerosas se aglomeram em cubículos, dividindo espaço com os poucos móveis e utensílios que conseguiram salvar das águas.

No pátio interno, os desabrigados lavam roupa em uma pia quebrada. Lama e dejetos se espalham também pelos corredores e salas, usados agora como casas.


Segundo a Defesa Civil, as mais de 4,7 mil pessoas que ocupam os 54 abrigos da cidade e os outros 5,6 mil desalojados hospedados com parentes ou amigos deverão esperar a chuva passar e o nível do rio Mearim baixar para que possam voltar com segurança para suas casas.

Muitos deles, porém, tiveram suas residências totalmente destruídas pelas águas, e terão que permanecer por algum tempo nos abrigos antes de encontrar um novo lugar para morar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O espetáculo da década


Não resta a menor dúvida: Expédition Paddock com a Cia.Tango Sumo, apresentado terça passada no Teatro de Arena foi o espetáculo da década."Coreografias alucinadas, proezas acrobáticas, cantos e música de sucata. Entre o pesadelo e realidade o espetáculo Expédition Paddock introduz o espectador a um universo cheio de ruídos e próximo da loucura onde o humor é, todavia, onipresente. O grupo Tango Sumo de Morlaix, na região da Bretanha, França é conhecido pela naturalidade com que aborda a dança no meio urbano criando espetáculos ora ferozes, ora doces e ternos".

Boal Vive


Tarde memorável. Alunos, professores e atores do Ribeirão Em Cena foram as ruas ontem para reverenciar Augusto Boal que nos deixou inadivertidamente semana passada.
Na Esplanada do Theatro Pedro II o grupo vivenciou exercícios criados pelo pai do Teatro do Oprimido.

O velho e bom Pelica


Durante a manifestação para lembrar Boal ontem, encontro com o extraordinário cartunista, amado amigo Pelicano. Então, que nasçam poemas, canções...

sábado, 25 de abril de 2009

Aos Meus Amigos


Meus caros amigos,
há um ano e meio, minha filha, adquiriu a Rose Ballet School, tradicional escola de ballet de Ribeirão Preto. De lá prá cá, Flávia trabalhou duro para implantar um programa de qualidade total administrativa e pedagógica. Este programa está atingindo agora a primeira fase. Hoje, completamente reestruturada, a Rose Ballet School tem em seu corpo docente professores de altíssimo nível a exemplo de Márcio de Oliveira, Carlos Fonseca, Débora Silva, Fernanda Antolini, Márcia Delmondes, Fernanda Monteiro ,Lizandra Costa e grandes projetos para executar. Oficializada pelo MEC a Rose Ballet oferece ensino do Clássico desde o Baby Class, Contemporâneo, Jazz, Sapateado, Ballet Adulto Para Iniciantes,Flamenco,Danças Urbanas,Folclóricas e entre outras atividades produziu recentemente dois belíssimos espetáculos: O Mágico de Oz e Sylvia A Ninfa de Diana, ambos apresentados com muito sucesso no Teatro Municipal.
Bem, mas para encurtar a conversa, estou comunicando que também vou entrar nesta dança. Atendendo um apelo da Flávia, a partir de agora vou dividir o tempo entre o Ribeirão Em Cena e a Rose. Estou assumindo de corpo e alma a direção de Novos Projetos da Escola.
Espero poder contar com todos vocês na condução deste novo desafio. Mais que isso, vou precisar muito de vocês. De idéias, participação,recomendações...
Sei que posso contar com o apoio.
Recebam um abraço do
Gilson Filho

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amigos Escrevem


Campinas, antes do golpe de1964, era linda, como se observa nas imagens. Depois da “redentora de 64”, os Ruys Novaes apareceram arrasar a cidade. Até hoje, eles estão arrasando a cidade. O norte do Paraná e o sul de Minas despejaram migrantes nas “grandes cidades” e Campinas cresceu em população e não em arrecadação. Deu no podemos ver: bairros enormes, invasões de milhares de pessoas e falta de Urbanização e Saneamento. Saúde, Educação, Transporte e Habitação, desapareceram. Cultura desapareceu. Veja as destinações do Orçamento Municipal: os vereadores, ignorantes de pai e mães, aprovam verbas para obras bem altas e nada para a Cultura.

É só ver na História e descobrir que isso tudo coincidiu com a “revolução” de 64. Ruy Novaes já existia, mas se revelou ou, assumiu, com os militares. A corrupção foi introduzida por eles; e grassa até hoje.

Poucos nomes se insurgiram contra a demolição do Teatro: dois arquitetos, que agora estão no “ceu”, foram contra, porque sabiam que retirar o Teatro de lá era apenas questão imobiliária... Rachaduras existiam no cérebro dos políticos da Arena (talvez nos do PDB também) e infiltrações existiam na moral dos responsáveis pela administração pública.

Mas foram bons tempos, aqueles da Campinas de antes de 1964. A Cultura tinha até Teatro, o transporte tinha até bonde, a Saúde tinha o Drs. Penido, Boldrini, a segurança pública tinha o Dr. Cid Leme e por aí vai. As coisas da cidade eram precedidas por nomes próprios: Bar era o Ideal cujo sucesso eram os garçons Faca,Tóta e Mossoró. Até a cerveja era feita aqui na Cervejaria Colúmbia; lá na av. Andrade Neves.

Campinas era ótima cidade. Era. Hoje está cheia de Ignorância e gente para quem falta de tudo; aliás para o Brasil também.

Alexandre Caldas.

sexta-feira, 27 de março de 2009

HOJE DIA DE LUTA DA CLASSE TEATRAL


Sexta-feira, 27 de Março de 2009
Movimento 27 de março - a classe artística se levanta!
Carta Aberta ao Presidente Lula e ao Ministro da Cultura Juca Ferreira


Ilustríssimos Senhores
Nos últimos seis anos do vosso governo constatamos que não houve nenhum avanço na criação e no desenvolvimento de políticas públicas, democráticas, transparentes e descentralizadas para as artes no país, apesar dos Programas de Cultura do Partido dos Trabalhadores, que apontavam para um novo modelo gestor, de entendimento da Questão Cultural e que serviram de base para as diferentes campanhas políticas até a eleição do atual governo. E isso frustra a categoria, dadas as expectativas geradas pela vossa eleição e o modelo exemplar que ele poderia representar para as políticas públicas estaduais e municipais por todo o país.
Pensávamos, há seis anos, que um momento mais fértil para a cultura e para o país havia chegado, pois o governo empossado, recebendo o mandato de milhões de trabalhadores para atender às reivindicações mais sentidas do povo brasileiro, iria lutar por instrumentos de inclusão e cidadania e entendia a cultura como um bem inalienável do cidadão, um direito de todos e de cada um, tão importante quanto a saúde, o transporte e a educação.
Pensávamos, há seis anos, que haveria uma possibilidade do Estado servir aos interesses da maioria do povo brasileiro em contraponto às idéias neoliberais de um estado mínimo e à base do programa do governo que vos antecedeu. Mas não foi o que aconteceu.
E por não avançar este governo retrocedeu!
Hoje, no ano de 2009, a crise escancara nossos portões e o vosso governo, com seus recursos acumulados em superávits fiscais, corre para socorrer os grandes grupos econômicos e, mais um vez, deixa para a maioria da população o desemprego, a falta de assistência médica, uma educação insuficiente e uma cultura entregue à indústria do entretenimento. Uma indústria que nada mais visa além do lucro e que transforma a cultura e as artes em produtos sem valor além do consumo imediato, sem poesia e sem reflexão sobre o que somos como cidadãos e como sociedade. Ou seja, sem perspectiva de futuro para além das necessidades básicas de sobrevivência – trabalhar para sobreviver e fazer a máquina econômica girar.
Nós, trabalhadores do teatro e das artes, vos dirigimos esta carta para pedir o que parece impossível, mas esta é uma tarefa que nos cabe – pedir o impossível! Não nos incomodamos com isso, afinal nos diziam que era impossível um operário chegar à presidência da república. Entretanto do que adianta fazer acontecer o “impossível” para depois tudo continuar como antes?
Pedimos que o Estado Brasileiro, que vosso governo no tempo que ainda resta, se ocupe da coisa pública, e aja para o desenvolvimento e proteção de seus cidadãos. E que pense no futuro do nosso país para além de um grande mercado consumidor, um grande canavial, um grande pátio de estacionamento para as montadoras.
Por isso nós trabalhadores do teatro conclamamos o atual governo a dizer um basta à política de privilégios, à entrega do Estado à iniciativa privada, à perda dos direitos dos trabalhadores e ao fisiologismo político que trata as questões da soberania nacional como uma bolsa de valores sem nenhum outro horizonte a não ser luta pelo poder.
E através desta carta reivindicamos:
- O fim da lei de isenção fiscal para a cultura.
- A criação de um Fundo Público para a Cultura, através de Lei.
- Que ele seja o responsável pela implementação de políticas públicas para todas as áreas da cultura.
- Que ele opere através de editais públicos em todas as regiões do Brasil com a participação paritária, em suas comissões de seleção, de representantes escolhidos pelo governo e pelos participantes dos respectivos editais.
- Que este fundo tenha uma dotação orçamentária mínima anual definida pela lei, e que portanto esta lei seja encaminhado pelo poder executivo como um projeto de governo.
- A imediata implantação do projeto “Prêmio Teatro Brasileiro” sob a forma de um edital nacional ainda para o ano de 2009.
- O descongelamento dos 75% do orçamento da união para o Ministério da Cultura. E um aporte de verbas suplementar para que ele atinja o mínimo de 2% do orçamento geral da União.
Pela nossa experiência dos últimos anos constatamos e entendemos que qualquer lei para a cultura tem necessariamente que contar com uma dotação orçamentária própria (recursos garantidos pela lei), pois isso evita a manipulação política e o corte indiscriminado destes recursos decorrentes de negociações políticas escusas (o balcão de negócios em que a política tem se transformado) e da ignorância por parte dos políticos de plantão sobre a importância que a cultura e as artes têm no desenvolvimento da real cidadania.

Sr. Presidente e Sr. Ministro, a luta por políticas públicas para a cultura é a luta pela soberania nacional e pela construção de um país de cidadãos livres no pensar e no agir.
As reivindicações feitas neste documento são de interesse público e a “Lei de Fomento para o Teatro Brasileiro” é fruto do amadurecimento de muitos anos de estudos sobre o que é realmente uma política cultural de interesse público para o cidadão. Hoje nos colocamos em luta por isso, pois acreditamos que com nossa luta possamos conquistar o impossível.
Assinado: Movimento 27 de março

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Pobres moços



Olivia acaba de completar 18 anos. Mora num duplex da Avenida João Fiuza, onde residem emergentes e milionários tradicionais da dourada sociedade de Ribeirão Preto. Dirige desde os 16. Nunca se sentou frente ao volante de um carro que não fosse importado. Quando está com preguiça, o que é muito comum, tem vários motoristas para lhe atender. Não freqüenta o comércio de Ribeirão Preto. Até o básico adquire na Daslu em São Paulo. Desde o pré-primário é aluna do Colégio Santa Úrsula, tradicional instituição de ensino, dirigida por freirinhas hipócritas. Apesar da educação refinada, oferecida pelas freirinhas hipócritas, Olivia é oca. Vamos dizer fútil, vazia. Infeliz...
Infeliz. Foi assim que a própria Olivia se qualificou durante entrevista coletiva que concedeu a imprensa ao deixar delegacia de polícia ontem à tarde.
Quando perguntaram por que infeliz, ela não teve dúvidas:
- Pensei que papai viesse me tirar daqui. Mas, não... Ele mandou o nosso advogado...
Olivia foi presa em flagrante e atuada por roubo e formação de quadrilha.
Dentinho também tem 18 anos. Mora na favela do Grilo, onde residem os deserdados da Califórnia Brasileira. Antes de aprender a dirigir já sabia fazer ligação direta em qualquer veículo. Frequenta o comércio de Ribeirão Preto sempre depois da meia noite e só entra nas lojas pelo telhado. Aprendeu soletrar na Febem. As marcas desta educação traz em várias partes do corpo.
Dentinho e Olivia se conheceram no decorrer de um seqüestro relâmpago. Ela a vítima.
Bateu a Síndrome de Estolcomo e Olivia, apesar de libertada, quis ficar na favela. Durante quinze dias furtou, roubou, seqüestrou, vivendo perigosamente uma versão moderna de Bonnei and Clyde.
Não deu outra: A casa caiu.
Mas, Olivia não ficou nem uma hora atrás das grades. Da delegacia foi, com o advogado, direto para o aeroporto. De lá para Madri .
Dentinho também não ficou muito tempo atrás das grades. Foi para o CDP, mas no dia seguinte o corpo já estava no IML. Foi esfaqueado na cela enquanto dormia.
No enterro, a mãe de Dentinho, conformada, sentenciou:
- Melhor assim. Foi um infeliz. Nem o pai conheceu...
-No aeroporto Olivia sentenciou:
-Sou uma infeliz. Papai nem veio se despedir de mim...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

BRASIL BRASILEIRO


Em estado de choque, estarrecido, não encontro condições psicológicas para comentar a notícia que se segue. Talvez,refeito amanhã, voltarei ao assunto.


Brasil Brasileiro

A Justiça Federal em São Paulo determinou o arquivamento do processo que trata dos fatos, durante o Regime Militar no Brasil, que culminaram com a morte do jornalista Wladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, e Luiz José da Cunha, conhecido como “Crioulo”, que morreu em 13 de julho de 1973, nas dependências do DOI-Codi (Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna).

Proferida na sexta-feira (9/1) pela juíza federal Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, a decisão homologou o pedido de arquivamento feito pelo MPF (Ministério Público Federal) que atua especificamente na área criminal, e rejeitou pedido de procuradores da mesma instituição, que sustentavam a imprescritibilidade de crimes contra a humanidade.

Segundo informações da assessoria da Justiça Federal, a magistrada concordou com o argumento de que nos dois casos (Herzog e Crioulo) os crimes já prescreveram e afastou a possibilidade de enquadrá-los como crimes contra a humanidade.

“A única norma em vigor no plano internacional a respeito do tema é aquela contida na convenção sobre a imprescritibilidade dos crimes de guerra e dos crimes contra a humanidade, vigente a partir de 11 de novembro de 1970, uma vez que o relatório da Comissão de Direito Internacional, criada para identificar os princípios de direito internacional reconhecidos no estatuto do Tribunal de Nuremberg e definir quais seriam aqueles delitos, nunca chegou a ser posto em votação [no Brasil]”, afirmou ela na decisão.

A juíza também entendeu que não existe norma jurídica em vigor no país que tipifique delitos contra a humanidade.

Quanto à prescrição, em ambos os casos, já se passaram mais de 35 anos, tempo superior ao da pena máxima fixada abstratamente para homicídio.

“Não há que se falar, na presente hipótese, na caracterização do genocídio, crime previsto nos artigos 1º e 2º, da Lei 2.889/56, uma vez que ausente o elemento subjetivo consistente na intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso. De qualquer forma, ainda que se reconhecesse a existência desse último delito, a pena máxima aplicada seria a do já citado artigo 121, parágrafo 2º, do Código Penal, ou seja, de trinta anos de reclusão. Referida sanção, consoante disposição prevista no artigo 109, I, do mesmo diploma legal, prescreve em vinte anos, lapso de tempo já decorrido, mesmo que se iniciasse a contagem em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Carta magna em vigor”, considerou a magistrada.

Terça-feira, 13 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

HOJE, NÓS TE PERDOAMOS, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA!


Autoria: Mathias Gonzalez
Texto enviado pelo confrade Antonio Cassoni


Hoje nós te perdoamos, Estados Unidos da América, por teres sido palco de uma escravidão impiedosa durante 300 anos, tratando homens, mulheres e crianças negras como se fossem animais, roubando-lhes o direito à vida, à dignidade e à liberdade...

Hoje nós te concedemos o perdão, Estados Unidos da América, por teres permitido, durante muitos anos, a existência de sociedades secretas como os Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku-Klux-Klan, que perseguiam, torturavam e queimavam vivos, em praças públicas, qualquer pessoa, negra ou branca, que lutasse contra a segregação racial...
Hoje nós te perdoamos por teres assassinado friamente, em 1865, Abraham Lincoln, um presidente republicano abolicionista, contrário à escravidão de seres humanos.
Hoje te concedemos irrevogavelmente o perdão, pelo erro de teres marcado para sempre o corpo e a alma de homens e mulheres como o de Peter, um escravo de Baton Rouge, Louisiana, em 1863. As cicatrizes inapagáveis foram resultado das chibatadas de seu capataz branco.
Hoje nós te perdoamos, Estados Unidos da América, por teres, em 1968, roubado a vida do reverendo Martin Luther King, Prêmio Nobel da Paz. Ele foi eliminado com um tiro disparado por um ativista branco que o odiava, por suas propostas
de igualdade racial e direitos civis para todos.
Hoje nós te perdoamos, Estados Unidos da América, por teres destruído o sonho de muitos americanos, negros ou não, pobres ou não, segregados ou não, quando mataram covardemente, em 1963, o presidente democrata John Kennedy, o único que teve coragem de enviar tropas do exército para garantir os direitos civis da população negra, nos Estados onde os negros eram massacrados. Kennedy foi morto, sob encomenda daqueles que não gostavam da sua posição de defender abertamente as causas das minorias oprimidas no seu país.
Hoje, nós te perdoamos, Estados Unidos da América, por - até menos de meio século atrás - permitires a vigência de leis que proibiam casamentos inter-raciais (entre brancos e negros).
Nós te perdoamos pela covardia de teres em 1968, apenas 5 anos após o assassinato do seu irmão, teres assassinado outro Kennedy, um democrata, o senador e ministro da Justiça Robert Kennedy, provável presidente americano, lutador incansável pelos direitos humanos e pela igualdade racial.
Nós te perdoamos e não queremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura, do ódio, da vingança, ou fazendo com os outros aquilo
que não queremos que os outros nos façam.
Nós te perdoamos, porque - ainda que tão tardiamente - reconheces que os seres humanos, de qualquer cor, não terão sucesso se caminharem com medo uns dos outros, sobretudo pela ingenuidade de acharem que
a diferença está na cor da pele.
Nós te perdoamos, porque reconheces que foi um homem de pele branca, o presidente George Bush, rico e poderoso, que quase levou o mundo à uma guerra mundial sem precedentes, por sua arrogância,prepotência e impiedade.
Nós te perdoamos, porque hoje teu povo deu um “basta” à continuidade de um erro que envergonhava a América e seus cidadãos de bem.
Nós te perdoamos, porque os usamericanos se permitiram sonhar junto com o pastor Luther King, o seu sonho de igualdade e liberdade. Sonho de que um dia, os Estados Unidos encontrassem o verdadeiro significado de seus princípios e reconhecessem que todos os homens devem ser tratados e valorizados por seu caráter, sua inteligência, sua capacidade de produzir o bem e promover a paz, e não pela cor da sua pele ou sua herança genética.

Nós te perdoamos, porque agora o sonho de Luther King de ver
“ um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos sentarem-se juntos à mesa da fraternidade... e até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, fosse transformado num oásis de liberdade e justiça” ...
ter sido emblematicamente conquistado.
Nós te perdoamos, porque tua maioria branca elegeu um cidadão de cor negra como Presidente da República, um posto merecido por qualquer pessoa com méritos, independente da cor da sua pele.
Nós te perdoamos porque elegeste o senador, o intelectual e democrata Barack Obama,
alguém que poderá acertar, poderá errar, poderá ser bem sucedido ou não, poderá conduzir com sucesso ou não os destinos da mais poderosa nação da Terra. Qualquer que seja o resultado, não será por causa da sua cor, mas por seus méritos como ser humano, únicos valores pelos quais os homens e mulheres devem ser respeitados em qualquer lugar do mundo.
Esse perdão é pelo passado que queremos esquecer, em qualquer lugar do mundo onde as pessoas são discriminadas por qualquer razão. Mas não seremos tolerantes daqui para a frente, com aqueles que exigirem do Presidente Obama mais do que exigiriam de qualquer outro presidente, apenas por ele ser negro.
Ele tem o dever moral de cumprir o que prometeu ao povo americano e ao mundo. Sua vitória é a vitória de todos os que lutam pela paz e harmonia nesta Terra. Sua eleição não resolve o problema do racismo que ainda está internalizado na expressiva massa de americanos. Esse é um problema que será vencido pela educação para os valores humanos, na América ou em qualquer lugar do planeta.
As pessoas precisam aprender a se respeitarem como HUMANOS independentemente das diferenças. A eleição de Obama, apenas mostra que um indivíduo, seja negro, branco, amarelo, índio, oriundo de classes abastadas ou pobres, pode ascender a posições relevantes e ajudar a governar um país. A vitória de Obama é a vitória de todos nós, homens e mulheres do BEM e que desejam viver em PAZ.

Autoria: Mathias Gonzalez

Música: Perhaps Love – Richard Claydeman

Todos os direitos de reprodução livres

(PODE ENVIAR PARA SEUS AMIGOS)

http://mathias.gonzalez.sites.uol.com.br

http://www.artigonal.com/authors_48927.html

ESCREVA-ME COM SEU COMENTÁRIO: mathiasgonzalez2005@yahoo.com.br

Terra, 05 de Novembro de 2008

Século XXI

Texto enviado pelo confrade Antonio Cassoni

sábado, 10 de janeiro de 2009

Infanticídio






Desde o início da ofensiva israelense, em 27 de dezembro, 235 crianças palestinas foram cruelmente assassinadas pelos bombardeios de Israel.
Há décadas o teatro universal comove o mundo contando a história de Anne Frank, a garota judia que se tornou um dos símbolos do holocausto.
Em um futuro bem próximo poderá contar também o terror vivido por Ahmed Ibraim Samouni, o garoto palestino de 13 anos, cuja a família foi orientada pelos “soldados” de Israel a buscar refúgio em uma casa bombardeada 24 horas mais tarde deixando 30 mortes.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Duas notas




1 Tenho dormido muito mal. Eu, que nunca sofri insônia, tenho despertado, várias vezes durante a noite, pela imagem de um palestino carregando o corpo ensangüentado da filha assassinada pelo ensandecido exército judeu. A foto foi capa da Folha terça passada, no mesmo dia em que me tornei simpatizante da causa árabe.Esta postura,entretanto,não acaba, de forma alguma, com a amizade sincera e respeito que tenho por dezenas de "judeus braileiros"..

2 Ditinha do Simioni não agüentou quando marido chegou de porre pela enésima vez. Sentou o braço no desgraçado. Chamaram a “justa” que se incumbiu de levar a infeliz prá cadeia de Cajurú . Hoje completa trinta dias de cana sem ninguém para defendê-la.
Ontem, lá pelos altos da cidade, uma madame mandou o marido com duas facadas para o HC. Se isso não bastasse aproveitou também para esfaquear a própria filha. Chamaram a "justa" que se incumbiu de levar a infeliz prá cadeia de Cajurú. Hoje completou 24 horas de cana e dona madame já está na rua.