sábado, 30 de agosto de 2008
Polígono encanta
Bravo! O Theatro Pedro II viveu ontem uma noite memorável. Será praticamente impossível esquecer o espetáculo apresentado pela recém criada São Paulo Cia de Dança na sua estréia ribeirãopretana. Não sou especialista em balé, como tantos que lá estavam. Fui como público normal. Saí, como público, encantado. Se a proposta da São Paulo é tornar a dança cênica acessível o objetivo foi cumprido. Clássico e contemporâneo em um só espetáculo na concepção cênica do coreógrafo italiano Alessio Silvestrin para a Oferenda Musical de Bach. Cenários completam a magia...
Mais que isso: no elenco dois bailarinos com formação em escolas de Ribeirão Preto, Adriana Amorim e Yoshi Suzuky. Ambos selecionados numa audição competidíssima entre bailarinos do Brasil e exterior.
Hoje o espetáculo volta a cena. Que volte a Ribeirão sempre.Bravo !!!
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Não tenho medo de farda
Sou cidadão brasileiro, não tenho medo de farda,pois vivo numa democracia, e tenho o direito de externar minha opinião, já que a Folha de ontem deu espaço razoável a um general, que disse que ‘ o Exército é fervorosamente contra essa reserva, a ponto de haver motim se a demarcação for continua ‘.
Exijo que ele diga como sabe que o Exército brasileiro todo é fervorosamente contra a demarcação. De onde ele tem essa informação?
E como pode um general dizer que haverá motins no Exército Brasileiro se o nosso Supremo não decidir como ele pensa.
O ministro da Defesa já tem essa informação?Ele já passou as palavras desse general ao presidente de nossa República?
Também sou oficial do Exército e tenho certeza de que esse general precisa voltar a ler o manual de postura militar.
General não fala. General obedece, e para isso é pago. Militar não pode falar em política. Muito menos nos ameaçar com motins.
Este texto foi publicado hoje no Painel do Leitor da Folha e assinado por Maurício Galan, de Curitiba.
Acho que nem é preciso comentar. Afinal todas as vezes que o Exército, contrariando o manual, se mete em política, dá merda.
E por falar em Exército, quase caí da cadeira ontem durante o debate entre os candidatos a prefeito de Ribeirão Preto na TV Clube. Foi quando o candidato Rubens Chioratto declarou que estudou nos cursos da ADESG a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.A Adesg, que fez fama nos anos de chumbo,detém precioso acervo de estudos estratégicos em diversas áreas e os usa para fustigar os movimentos sociais brasileiros, principalmente o MST.Rubens é candidato pelo PSOL. Durma-se com um barulho destes.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
O repórter Maurílio Moraes, da Gazeta de Ribeirão, pergunta a Cícero Gomes da Silva:
_ Vereador, o que o senhor tem a dizer sobre as contas da Câmara de 2005, que foram julgadas irregulares por unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado.
_ Não vou responder. Está no recurso ainda. Só isso. Está dentro do prazo.
_ O senhor vai devolver o dinheiro que recebeu como verba de representação, como determinou o conselheiro Antonio Roque Citadini?
Vereador partindo pra cima do repórter:
_Eu não quero falar com você, rapaz !!!
Ao ver que o repórter fotográfico Lucas Mamede havia começado a registrar a cena o vereador recua e completa:
_ Você é mau caráter.
Este “diálogo” foi registrado ontem e aconteceu na rampa de acesso ao plenário da Câmara Municipal de Ribeirão. Não aconteceu porque Moraes estava lá passeando. No exercício de sua profissão, o jornalista estava apurando informações sobre as contas de 2005 que foram rejeitadas, mais uma vez, por unanimidade, pelo Tribunal de Contas do Estado. Em 2005, Gomes da Silva era o presidente da Casa. Em 2002 as contas também foram consideradas irregulares com o vereador no mesmo cargo. Entre os problemas apontados pelos técnicos do TCE está o valor pago como verba de representação para o presidente. No voto do conselheiro Antonio Roque Citadini está à recomendação para que Cícero Gomes da Silva devolva o dinheiro.
Esta não é a primeira vez que jornalistas são ameaçados ou mal tratados por vereadores na Câmara Municipal de Ribeirão Preto.
Resta saber então quem é o mau caráter.Quem sabe o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo tenha a resposta...
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
A Ribeirão que só a Globo vê
Em 1974, o economista Edmar Bacha cunhou expressão Belíndia para definir o que seria a distribuição de renda no Brasil: uma mistura entre uma pequena e rica Bélgica e uma imensa e pobre Índia .
Lembrei da expressão ao assistir uma matéria sobre Ribeirão Preto no Globo Repórter. É inacreditável. Os jornalistas da Globo continuam caolhos. Só têm olhos para a Fiúsa , a doméstica que subiu na vida , as super agências de automóveis da Vargas, as lojas do Boulevard ou as mansões da Califórnia Brasileira que limitam-se entre Lagoinha e Ribeiranea.
Com certeza, na segunda feira, depois do programa, um batalhão de migrantes colocou o pé na estrada rumo à Ribeirão que fica além do horizonte. Quando chegarem, seus horizontes serão uma das dezenas de favelas da cidade. Somarão ao exército de excluídos que não encontram trabalho por falta de qualificação profissional, escola para os filhos e por aí vai. É muita irresponsabilidade deste jornalismo impreciso e falacioso. Este fato lembrou-me também de uma declaração recente do Cícero Sandroni sobre ética jornalística : Não acredito que exista uma ética profissional e sim pessoas éticas. A ética é uma coisa só. A maneira de impedir o jornalismo irresponsável é adequar as empresas a uma posição ética. Para se chegar nesse estágio as empresas de mídia precisam ser fiéis e objetivas com o público e oferecer informações de modo bem feito e eficiente. O que importa para o leitor é credibilidade, informação verdadeira. E basta isso.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Teatro de Senhoritas:Uma Nova Geração de atrizes
Perto de cem pessoas tiveram o privilégio de assistir neste final de semana “Entre Divas e Senhoritas” que a Cia. Teatro de Senhoritas apresentou no Espaço Cultural SantelisaVale aqui em Ribeirão Preto. Um espetáculo extraordinário que remeteu o público a uma experiência emotiva, sensorial... Ao apagar das luzes na platéia, surgiu no palco duas jovens atrizes brilhantes: Sandra Pestana e Isis Madi. Ambas extremamente competentes e talentosas. Não bastasse isso, elas também criaram o texto a partir de um bem cuidado trabalho de pesquisa. Foram às raízes da história do teatro paulista. Buscaram entre atores e atrizes que “viveram” a era TBC, depoimentos que souberam transformar em delicada e emocionante dramaturgia. Além da construção das personagens, texto, cenas, propuseram figurinos, cenários, encenação... Ao trabalho impecável das atrizes soma-se o de Débora Zamarioli que dirigiu o espetáculo. Zamarioli imprimiu à cena um jogo de interpretações verdadeiras e distanciamento. Sua direção é limpa, direta , criativa,simples. A simplicidade leva o público a um mergulho nos meandros da imaginação, reflexão e a catarse tão difícil de ser encontrada nos palcos atualmente. A direção é segura e chega plenamente à realidade que se propõe mostrar, ou seja, “as expectativas e desilusões do ofício de ator do ponto de vista feminino”.
O amigo Luis Cláudio pergunta: mas cem pessoas na platéia não é pouco?
Não, não é pouco. Hoje acredito firmemente que o teatro não é uma arte de massa. Quem vai ao teatro é uma minoria que ainda quer pensar, sentir, emocionar-se, refletir, ver arte. E foi com essas sensações vividas que o público deixou o Espaço Cultural SantelisaVale depois de ver essas verdadeiras novas divas do teatro paulista no palco.
sábado, 16 de agosto de 2008
Voltando ao Você Decide
Um comentário,postado neste blog, assinado por Nei,apesar de confuso contesta o meu alerta para candidatos oportunistas. Ele denúncia preconceito à “crítica” que eu teria assinado a candidatos “mauricinhos” e “big-broters”(postagem de 13 de agosto). Não escrevi sobre mauricinhos. Quem o fez, em um comentário aqui publicado, foi a jornalista Ana Alice das revistas Caros Amigos e Raça. Mas concordo com a Ana. Não em relação a Tuca Nassif ou Junior Spagnolo. Pouco os conheço. Nem sabia que eram candidatos. Mas em relação ao oportunismo, reafirmo tudo que escrevi. E mais: Tenho preconceito sim, com os carreiristas, alpinistas eleitorais, despolitizados.Mas como o Nei, só entendeu o que a ele interessa, devo reforçar. O mínimo que se espera de alguém que se candidata a um cargo político é que seja politizado.Engajado.Empenhado em explorar ao máximo estas características. Com o desejo de colocá-las a serviço dos trabalhadores e não dos burgueses, dos povos e não dos impérios, da liberdade, do conhecimento e não do embrutecimento.Alguém que proclame compromissos com o coletivo, com os direitos e conquistas sociais, o trabalho e os trabalhadores. Que tenha conteúdo, enfim. O restante não merece comentário.E basta isso.
Quanto ao que o Nei escreve sobre aplausos,prestígio,sonhos, isto não tem a menor importância. Não estou aqui para receber elogios e nem para agradar ninguém.O que publíco assino como cidadão. A vida da ONG Ribeirão Em Cena é de um coletivo que independe das minhas convições políticas.
Espectadores matam atores de Romeu e Julieta; é García Lorca
O Público é, provavelmente, a obra mais controversa do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936). Não só pelos temas de que trata, mas também pelo fato de ter sido tomada, durante muito tempo, como uma obra inacabada. O dramaturgo, que dizia considerar a peça "irrepresentável", deixou três manuscritos diferentes do texto.
Censurados pela família, esses fragmentos só foram reunidos muitos anos após a morte de Lorca, chegando finalmente a uma forma final. A peça, que agora é encenada no Brasil pela primeira vez, parte de um mote aparentemente simples: os espectadores de uma montagem de Romeu e Julieta, de Shakespeare, assassinam os atores que interpretam o casal depois de descobrir que eles são homens.
O mais interessante, entretanto, é que esse início, aparentemente realista, abre espaço para a criação de uma dramaturgia em que o que predomina é a fantasia. Ainda que seja uma crítica à moral burguesa e à intolerância, a peça não segue as estruturas dramáticas tradicionais.
A um só tempo erótica e política, inspira-se no surrealismo, apoiando-se em personagens "impossíveis" — cuja composição não obedece às regras de verossimilhança — e na predominância de imagens poéticas no texto.
Iconoclastia
Fruto de muitos meses de pesquisa, a montagem do grupo paulista XPTO tem o mérito de exercitar, na cena, uma leitura própria dessa fantasia lorquiana. O conflito entre autoridade e liberdade, entre desejo e interdição, que marca toda a obra do autor, ganha uma tradução cênica em que o acento permanece todo o tempo na crítica do comportamento.
Do ponto de vista cênico, o diretor Osvaldo Gabrieli optou por representação carnavalizada, que exige o apoio firme dos intérpretes. Apesar de o elenco ser jovem, os atores respondem bem a essa dramaturgia complexa, embrenhando-se na paisagem de imagens e palavras da peça.
Também é digna de nota a direção musical de Beto Firmino, que criou uma trilha com função narrativa indispensável ao espetáculo. As canções, compostas sobre os poemas de Lorca, colaboram em muito com o que as cenas têm de mais comovente.
É preciso observar que muito da iconoclastia formal deste "drama impossível" se esgotou dos anos 30 para cá. Por outro lado, é estimulante perceber um grupo de artistas que ainda considera o teatro uma arte capaz de fazer frente às estruturas carcomidas da sociedade e à intolerância. De todas as virtudes que O Público tem, essa é a mais importante.
O texto acima foi publicado na revista "Bravo" deste mês e também está no site Vermelho.Achei importante compartilhar com leitores deste blog.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Curtas e grossas para o final de semana
* O “Tribuna” desta sexta informa: Palloci participará da campanha do candidato do PT em Ribeirão.
Assim fica claro que Feres Sabino não quer ganhar a eleição.
* Apesar da tentativa de suborno ao delegado Protógenes Queiroz ter sido exibida para todo o país pela televisão, o Ministro Eros Grau mandou soltar Humberto Braz. Grau justifica que não julgou se Braz é culpado ou inocente, mas sim se havia fundamentos para a prisão preventiva. Deficientes visuais irlandeses reunidos na Praça da Paz Celestial, enquanto aguardam o início da Paraolimpíada, pediram exame antidoping para Eros Grau.
* O advogado do jovem que atropelou o frentista está oferecendo 40 mil de indenização a vitima. Durma-se com um barulho destes...
* Continua sem solução o caso Pedrinho.A polícia ainda aguarda laudos.
*Dica para se divertir no final de semana:Conversar com candidatos a vereador em campanha no calçadão.
Marcia Delmondes em Ribeirão
A experiência de passar pelo Grupo Raça Cia.de Dança Contemporânea
coloca a professora Márcia Delmondes, 31, entre os mais qualificados profissionais da área no Estado de São Paulo. Apesar das poucas vagas, Márcia foi contemplada em 2007, com uma bolsa de estudos integral no “Raça”, grupo referência na dança contemporânea brasileira.
Durante dois anos em contato com o grupo, a metodologia influenciou a carreira de Márcia Delmondes. "As aulas são programadas em módulos que duram aproximadamente dois meses. Elas são compostas por: aquecimento, barras, solo, seqüência coreográficas. Preparam muito bem as pessoas. O trabalho é intenso e isso faz com que o bailarino consiga visualizar, absorver e compreender minúcias de uma coreografia, explicou Márcia.
Dentre as técnicas ministradas pelo grupo, alguns itens merecem um destaque maior. "É muita disciplina. Existe uma preocupação com a progressão. De tudo, o que a gente mais aprende é a presença de palco", disse Márcia, que leciona há 15 anos.
Contratada pela Rose Ballet School, Márcia Delmondes chega a Ribeirão Preto para ministrar aulas de ballet clássico, contemporâneo e jazz.
Raça Cia. de Dança
O Raça Cia. de Dança é dirigido por Roseli Rodrigues, um nome conhecido no cenário da dança brasileira, considerada uma das referências da dança no Estado de São Paulo. Inspirada na música e na garra traduzida pela música “Raça” de Milton Nascimento, Roseli cunhou o nome Grupo Raça que, durante os anos 80 se firmou no cenário da dança do país como uma das mais importantes companhias de jazz dance. Ao longo dos anos, a companhia se transformou numa referência dentro da cena contemporânea brasileira da dança. Mário Nascimento, Ivonice Satie, Luis Arrieta, Henrique Rodovalho, são alguns dos coreógrafos que o Grupo Raça teve oportunidade de trabalhar em seus 26 anos de trajetória.
Em 2001 e 2002, com o apoio da Funarte e Ministério da Cultura, o Grupo Raça circulou com espetáculos e workshops por Minas Gerais e São Paulo e, como convidado, realizou uma turnê pelas cidades de Roma, Terni, Salermo, Tagliacosa, Crotone, Enna, Calabicheta, Piazza Armería e outras cidades da Sicília. Em 2004, apresentou-se em Portugal no 39º Festival de Sintra, e em 2005 foi convidado especial para Noite de Gala do 23º Festival de Joinville. Em 2008, a companhia foi selecionada para o Panorama Sesi de Dança.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Crime ecológico coletivo
A maioria das pessoas ainda não se deu conta da catástofre que está acontecendo no subsolo. Registra-se um rebaixamento assustador nas reservas do Aqüífero Guarani no lençol ribeiropretano. A reposição, segundo especialistas, levaria, no mínimo, 300 anos. Apesar disso o desperdício irresponsável continua. Principalmente nos bairros de elite, onde, nos prédios de alto luxo, lava-se as calçadas diariamente com máquina tipo wap. Mais ainda: principalmente nos vazamentos sob a responsabilidade, ou irresponsabilidade, do Daerp.Consta que dos vazamentos do Daerp jorram milhões de litros dia. Mas como tudo tem um porém, o jornal Gazeta, de hoje, publica que a cobrança pela água do aqüífero e dos rios vai ser cobrada as empresas,produtores rurais e Daerp. Medida acertadíssima. Mesmo porque dizem que o arrecadado vai ser usado no combate ao desperdício. Resta saber por que esperar até 2010? Com esse desperdício incontrolável como chegaremos a 2010? Secos? Levando em consideração que o consumidor brasileiro só “acorda” quando mexem com seu bolso, passou da hora de o Daerp criar também uma tarifa social para o pobres e aumentar pra valer o valor cobrado dos novos ricos da Fiusa e adjacências onde o desperdício é vergonhoso do ponto de vista da cidadania, da falta de consciência, para não dizer da ignorância.
Em tempo: O Shoping Santa Úrsula é um exemplo da falta de respeito ao coletivo. Quem quiser comprovar é só passar pelo local.No período da manhã a calçada é “varrida” todos os dias com milhares de litros e máquina wap.Tem mais: há anos um rio vaza do shoping na esquina da Garibaldi com Prudente. É tanta água que até lodo formou no asfalto.
Desculpem a repetição, mas para acompanhar esta triste realidade só mesmo relendo o Brecht que segue abaixo.
AOS QUE VIEREM DEPOIS DE NÓS
Bertolt Brecht
(Tradução de Fernando Peixoto)
É verdade, eu vivo num tempo sombrio!
Uma palavra sem malícia é sinal de tolice.
Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ri
Ainda não recebeu a terrível notícia.
Que tempos são esses, quando
Falar sobre árvores é quase um crime
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que atravessa a rua tranqüilo
Já está inacessível aos amigos
Que passam necessidades?
É verdade: eu ainda ganho bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso.
Nada do que faço
Me dá o direito de comer quando tenho fome.
Estou sendo poupado por acaso.
(Se a minha sorte me deixa, estou perdido.)
Me dizem: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que eu posso comer e beber
Se a comida que como, tiro de quem tem fome?
Se a água que bebo, faz falta a quem tem sede?
Mas mesmo assim, eu como e bebo.
Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Se manter afastado dos conflitos do mundo
E passar sem medo
O curto tempo que se tem para viver;
Seguir seu caminho sem violência;
Pagar o mal com o bem;
Não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim!
É verdade, eu vivo num tempo sombrio!
Eu vim para a cidade no tempo da desordem
Quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta
E me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado viver sobre a Terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas.
Para dormir, eu me deitei entre os assassinos.
Fiz amor sem muita atenção
E não tive paciência com a Natureza.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado dado viver sobre a Terra.
No meu tempo as ruas conduziam ao lodo,
E as palavras me denunciavam ao carrasco.
Eu podia muito pouco, mas o poder dos patrões
Era mais seguro sem mim, espero.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado dado viver sobre a Terra.
As forças eram limitadas.
O objetivo permanecia a uma longa distância.
Era nitidamente visível, mas para mim
Quase fora do alcance.
Assim se passou o tempo
Que me foi dado dado viver sobre a Terra.
Vocês, que vão emergir
Das ondas em que nos afogamos.
Pensem, quando falarem das nossas fraquezas,
Dos tempos sombrios de que tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através das lutas de classes,
Mudando mais de país do que de sapatos,
Desesperados quando só havia injustiça
E não havia revolta.
Nós sabemos:
O ódio contra a baixeza
Também endurece o rosto;
A cólera contra a injustiça
Também faz a voz ficar rouca.
Infelizmente nós,
Que queríamos preparar o terreno para a amizade,
Não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
Em que o Homem seja amigo do Homem,
Pensem em nós
Só com bondade
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Você decide
Está impossível andar pela cidade sem ser interrompido por eles. Afinal são mais de trezentos, se não me engano. Parece que tem representantes de todas as camadas. Podres de rico e pobres. Tem até um ex-Big-Brother. Se bom representantes, ainda não sei. Os que me abordaram até agora, decepcionaram. Nem demagogos conseguem ser. Entregam um “santinho”, sorriem, se apresentam... Mas fogem correndo quando perguntamos sobre suas intenções, ideologia ou programa do partido.Alguns sequer sabem a que partido pertencem. É claro que essa conduta é regra nacional, mas, como moro aqui, a primeira impressão que fica desta eleição para a Câmara Municipal de Ribeirão Preto é que ela está repleta de oportunistas. De quem está apenas de olho no salário e nas mordomias que advêm com o cargo. Bons candidatos, sim, também tem. Mas com poucas chances. Historicamente o eleitorado de Ribeirão Preto é conservador.Só renova entre 10 e 20% da edilidade a cada eleição, mesmo sabendo (82% dos entrevistados por uma pesquisa), que candidatos eleitos não cumprem promessas de campanha e que agem apenas em benefício próprio. Então fodam-se.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Satie
A Dança no Brasil ficou hoje mais pobre. Morreu, nesta madrugada a coreógrafa Ivonice Satie, aos 57 anos. Ela estava internada no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.Lutava contra o câncer.
Entre 2003 e 2005, Satie foi diretora da Companhia de Dança do Amazonas, da qual ainda era consultora. Atualmente, era coreógrafa da Cia. Sociedade Masculina, em São Paulo.
Filha de imigrantes japoneses, a bailarina começou a dançar aos nove anos, na Escola Municipal de Bailados de São Paulo. Em 1968, entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo, o atual Balé da Cidade de São Paulo, do qual foi diretora coreográfica por seis anos, na década de 90. Em 1977, ganhou o prêmio de melhor bailarina da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Ana e as Bigas
Ana Tomicioli não nasceu à jornalista brilhante que é. Antes de estudar jornalismo, foi modelo. A estréia diante das câmeras, nesta foto de 1986, enviada pelo amigo Luis Claudio Geteó, foi para divulgar produtos da empresa da própria família: Tomicioli Charretes. A origem é a Itália. Foi em Roma que os Tomicioli fabricaram, ainda no século XV, a primeira biga. Hoje a empresa, gigante do setor, também está no Brasil.Fica em Santa Maria (RS) e produz troles e carruagens.Essas últimas exportadas para Hollyood e para a própria Itália, usadas em filmes de Far West. Agora tá facil entender por que dizem que o Daniel puxa uma carroça por Ana.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Caiu o Ministério:Bastidores
Uma hepatite me afastou do elenco no final da temporada de “Um Bonde Chamado Desejo”, que Kiko Jaess dirigiu com Eva Wilma, Pepita Rodrigues, Nuno Leal Maia, Ivete Bonfá, Edney Giovenazzi, Rubens Rollo e Clemente Viscaíno. Quarenta dias no estaleiro em Pinhal e de volta a São Paulo encontro de cara o jornalista Hilton Viana de “O Diário da Noite” em frente ao Teatro Paiol:
-Rapaz, que coincidência te encontrar. O Osmar me ligou agora à tarde. Está que nem louco procurando um ator para substituir o irmão do Giba Um. A peça estréia em uma semana.O personagem tem a tua cara. É jogo rápido.
Entrei em parafuso. Eu? Indicado pelo Hilton Viana??? Trabalhar com o Osmar Rodrigues Cruz??? Era muita sorte!!!
Hilton não me deu tempo. Foi logo fazendo sinal para um taxi e em quinze minutos já estávamos conversando com o Osmar no saguão do Teatro Maria Della Costa. Eu não pude acreditar quando vi o elenco chegando:Cláudio Corrêa e Castro, Abraão Farc, Benjamim Catan, Toni Ramos, Marcos Plonka, Kleber Afonso, Carlinhos Silveira, Ézio Ramos, Nize Silva, Ana Maria Dias, Lilian Fernandes, Maria Yuma Nery, Amilton Monteiro, Felipe Levy, Gibe. Fiz um teste rápido e tremi quando soube que iria fazer “escada” para ninguém menos que Tony Ramo. Com um elenco destes, não podia dar outra: “Caiu o Ministério”, de França Junior, ficou dois anos em cartaz. Era uma família trabalhando junta. Mais que isso, criando sem cessar. Depois do primeiro ano vieram os cacos. Era preciso estar em alerta constante. Entravamos em cena prontos para improvisar diante das “pegadinhas” que eram preparadas sigilosamente nos camarins antes de cada espetáculo. Abraão Farc fazia o Ministro da Guerra. Criou um tipo maluco, que durante a cena reunindo o Ministério (a mais hilariante da peça), simulava um revólver com os dedos da mão e atirava disfarçadamente nos seus pares, entrincheirado entre as cadeiras. Os outros personagens, entrando na brincadeira, tentavam flagrar Abraão que escondia o revólver (mão) no bolso da casaca, provocando risos da platéia. Mais alguns minutos e lá estava ele novamente “atirando” nos Ministros às escondidas. Certa noite, Felipe Levy, chega ao camarim com um estranho embrulho e com cara de quem iria aprontar uma grande sacanagem. Não deu outra.Posicionou-se na coxia fingindo concentração.Aguardou o início da grande cena e quando Abraão Farc apontou o revólver imaginário na direção de Claudio Correa e Castro, Felipe Levy disparou. Um estrondoso tiro de festim quase “derrubou” o teatro. Silêncio sepulcral seguiu-se ao susto do elenco e público. Abraão refeito percebeu a sacanagem de Levy e começou a rir. O riso foi contagiando todos que estavam em cena. Virou gargalhada e o pior: Plonka contrai o maxilar para não rir e o esforço faz com que a prótese dentária que usava, caísse sobre o colo de Benjamim Cattan, sentado no sofá no centro do palco. Este ator extraordinário, também tentou segurar a gargalhada. Não conseguiu. E o esforço fez com que, literalmente, urinasse em cena aberta na calça de cetim roxa que usava. O público delirou. Como diria Nelson Rodrigues: Urrou. A situação ficou incontrolável. Ás pressas o contra-regra foi obrigado a baixar o pano. Só depois de uns quinze minutos, com o elenco recomposto, recomeçou o espetáculo com todos devidamente multados na tabela.
Lembrei desta história porque domingo passado vi Osmar Rodrigues Cruz na TV SESC , em um depoimento gravado, falando de Antunes Filho.Osmar faleceu ano passado.
Ando muito emotivo ultimamente. Chorei. Tenho muitas saudades de todos, principalmente do Osmar. Foi um verdadeiro pai para mim.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Vieira e o crápula envangélico
O ator Zé Mauricio Cagno recomendou, hoje pela manhã, a leitura do Sermão da Sexagésima do Vieira. Ansioso que sou, antes de ir até a livraria, corri para a Internet dar uma “olhadinha” no texto. Após leitura rápida e ainda superficial, deparo, ao lado do computador,com a edição desta quinta-feira de “A Tribuna”. Fotos de duas crianças torturadas ontem por um pastor da igreja Deus é Amor, em Sertãozinho, estão na primeira página.Não há adjetivo para qualificar semelhante barbaridade. Com o sermão de Vieira ainda na tela, fico pensando que talvez, em outros tempos, as pessoas eram mais qualificadas para “conduzir rebanhos”. Digo isso levando em consideração, é claro, a polemica histórica que cerca a passagem da Companhia de Jesus pelo Brasil Colônia e a dubiedade da atitude dos jesuítas e de outras ordens missionárias em relação à questão indígena. Ou ainda dos padres pedófilos da modernidade.O certo é que venho observando, que hoje, qualquer mentecapto pode abrir uma igreja, virar pastor e até bispo. A Lei que garante a liberdade religiosa pode ser considerada uma Lei? Sim, porque até onde eu enxergo, só consigo ver que essa Lei não regulariza absolutamente nada. Então, esses sem lei, estão por aí a enganar incautos, analfabetos e o mais humildes. A fera de Sertãozinho era pastor da Igreja Deus é Amor. O nome do facínora: Marcelo.
Não foi para a cadeia protegido por outra Lei: No Brasil agressão não caracteriza flagrante, segundo a delegada que “cuidou” do caso. Meu Deus!!!
Em tempo: No Rio de Janeiro outro Marcelo está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Gabeira em último.
TRECHO SERMÃO DA SEXAGÉSIMA- Antonio Vieira
Antigamente convertia-se o Mundo, hoje porque se não converte ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obra são tiros sem bala; atroam, mas não ferem. A funda de David derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estalo, senão com a pedra: Infixus est lapis in fronte ejus. As vozes da harpa de David lançavam fora os demônios do corpo de Saul, mas não eram vozes pronunciadas com a boca, eram vozes formadas com a mão: David tollebat citharam, et percutiebat manu sua. Por isso Cristo comparou o pregador ao semeador. O pregar que é falar faz-se com a boca; o pregar que é semear, faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras. Diz o Evangelho que a palavra de Deus frutificou cento por um. Que quer isto dizer? Quer dizer que de uma palavra nasceram cem palavras? -- Não. Quer dizer que de poucas palavras nasceram muitas obras. Pois palavras que frutificam obras, vede se podem ser só palavras! Quis Deus converter o Mundo, e que fez? -- Mandou ao Mundo seu Filho feito homem. Notai. O Filho de Deus, enquanto Deus, é palavra de Deus, não é obra de Deus: Genitum non factum. O Filho de Deus, enquanto Deus e Homem, é palavra de Deus e obra de Deus juntamente: Verbum caro factum est. De maneira que até de sua palavra desacompanhada de obras não fiou Deus a conversão dos homens. Na união da palavra de Deus com a maior obra de Deus consistiu a eficácia da salvação do Mundo. Verbo Divino é palavra divina; mas importa pouco que as nossas palavras sejam divinas, se forem desacompanhadas de obras. A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos, e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos. No Céu ninguém há que não ame a Deus, nem possa deixar de o amar. Na terra há tão poucos que o amem, todos o ofendem. Deus não é o mesmo, e tão digno de ser amado no Céu e na Terra? Pois como no Céu obriga e necessita a todos a o amarem, e na terra não? A razão é porque Deus no Céu é Deus visto; Deus na terra é Deus ouvido. No Céu entra o conhecimento de Deus à alma pelos olhos: Videbimus eum sicut est; na terra entra-lhe o conhecimento de Deus pelos ouvidos: Fides ex auditu; e o que entra pelos ouvidos crê-se, o que entra pelos olhos necessita. Viram os ouvintes em nós o que nos ouvem a nós, e o abalo e os efeitos do sermão seriam muito outros.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
FORA CHINA
Já não se fala mais em Daniel Dantas.Também conseguiram abafar as manifestações
pela libertação do Tibete que, segundo a BBC-Internacional, estão pipocando longe da mídia, em todo mundo. Aqui em Ribeirão estamos aguardando concentração marcada para sexta-feira durante a abertura oficial das Olimpíadas. Sobre o Tibete e Dalai Lama, o confrade Nélio Pavarelli escreve:
Há anos, a China mantém a posição de que o Dalai Lama representa um perigo à integridade do país por promover internacionalmente a independência do Tibete, invadido por tropas chinesas em 1950.
Muitos tibetanos acreditam que apenas o Dalai Lama pode salvar o Tibet da extinção.
Mas até mesmo o Dalai Lama é mortal. E eles estão profundamente ansiosos sobre o que vai acontecer quando o líder espiritual morrer.
Para os tibetanos, Dalai Lama não é apenas um monge budista, um deus e um rei (o mais recente na longa linha centenária de regras espirituais), mas um símbolo de uma civilização sem precedentes que vai além da vida.
Nos últimos 50 anos, do seu santuário no outro lado do Himalaia, o 14º Dalai Lama manteve vivo os seus sonhos de sobreviver como um povo isolado.
Muitos temem que sua morte acabe com a última chance de independência genuína.
Outros prevêem caos e sangue. Tibetanos extremistas poderão se sentir livres a recorrer ao terrorismo, dando espaço para que Pequim intervenha de forma mais dura.
Phuntsog Wangyal, da Fundação Tibet, baseada em Londres, acha que o carisma do atual Dalai Lama será difícil de ser substituído.
"Quem assumirá o seu manto? Não há ninguém equivalente a ele. Não acredito que qualquer pessoa possa ter a autoridade que ele tem", diz.
Vácuo
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959 em meio a uma tentativa frustrada de combate à ocupação chinesa, que havia começado nove anos antes.
Desde então o líder espiritual tem sido a cara do Tibet na comunidade internacional. Ele já ganhou o Prêmio Nobel da Paz, já obteve apoio público de astros do cinema e apoio privado de presidentes e primeiros-ministros.
Mas nenhum país reconheceu o governo exilado do Tibet.
Samdhong Rinpoche foi o primeiro premiê eleito no governo exilado.
Ele foi escolhido em 2001 por membros da diáspora tibetana como parte de uma tentativa para democratizar um movimento que, durante anos, ficou em volta do carisma pessoal, da força espiritual e da alta reputação do Dalai Lama.
"Institucionalizando a continuidade da liderança, os arranjos estão agora prontos para evitar um vácuo e fazer o povo tibetano não tão dependente do Dalai Lama", afirmou Rinpoche à BBC.
O Dalai Lama disse esperar que o seu sucessor seja encontrado em um "país livre".
A China quer que o próximo Dalai Lama seja escolhido sob a sua supervisão.
Em 1995, o Dali Lama reconheceu, no Tibet, um garoto de seis anos de idade como sendo o sucessor do 10º Dalai Lama, Panchen Lama, que morreu em 1989.
A China prendeu o menino e escolheu um outro em seu lugar. O garoto original nunca mais foi visto.
FORA CHINA.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Revendo e revivendo outros tempos
Minha estréia como ator no teatro profissional foi em “Sonho de Uma Noite de Verão”, com direção de Kiko Jaees, no teatro Maria Della Costa No elenco estavam, entre outros:Jonas Bloch, Ivete Bonfá, Tereza Teller , Irene Tereza , Amauri Alvarez, Clemente Viscaino, Ronaldo Ciambrone, Olney Cazarré, Hilton Have e ninguém menos que Ewerton de Castro. A criação que fez para Puck entrou para a história do teatro brasileiro.Kiko quis um espetáculo acrobático. Todas as manhãs acompanhava Jonas e Ewerton a Academia da Polícia Militar onde ambos aprendiam usar o trapézio (desses de circo) Tive o privilégio em ver nascer o Oberon de Jonas e o Puck de Ewerton. O espetáculo começava com Jonas e Ivete descendo do urdimento através de um trapézio ao mesmo tempo que Everton surgia num imenso cavalo cenográfico, criado por José de Anchieta, e que também através da “maquinaria” descia do teto no palco. Do cavalo Ewerton saltava em um trapézio que o fazia voar até a metade da platéia e o trazia de volta ao palco. Assim começava o espetáculo.
Certa tarde o espetáculo foi vendido para um colégio. Os alunos já tinham chegado ao teatro quando chegou a notícia: havia caído uma barreira na estrada de Santos e Ewerton estava preso no congestionamento. Tinha ido gravar Mulheres de Areia em Praia Grande. Desesperado, Kiko me chama ao camarim –“Você conhece o texto do Ewerton. Vamos lá. Eis sua chance de fazer o papel principal”
Não deu tempo de dizer não e quando saltei para o trapézio não dei o impulso necessário. Não deu outra, o equipamento foi perdendo força e fiquei dependurado sobre a platéia. O maior mico da minha vida. Foi preciso chamar o contra-regra para, com uma escada, me retirar do trapézio. Enquanto isso o público morria de rir.Mas mesmo assim o espetáculo foi até o final, sem é claro, eu ousar fazer novamente as marcas acrobáticas.Lembrei dessa história porque acabo de reencontar Ewerton de Castro
(de quem inclusive fui padrinho de casamento com a Maria),aqui na Internet.Ewerton anda triste porque ainda não conseguiu reabrir sua escola de teatro fechada por falta de recursos. Mas o texto que vem abaixo é uma verdadeira aula. Divido com vocês:
'A profissão do ator não é fácil como parece. Em qualquer profissão onde a oferta de trabalho é menor do que a procura, você tem que fazer sempre o melhor. Tem que ser diferente e melhorar a cada dia. Tem que se aprimorar. Eu procuro incutir nos alunos, que o grande trabalho do ator é a pesquisa e o estudo profundo da personagem. Para que seja sempre colocado de lado a intuição, porque isso não tem consistência. Você pode até improvisar muito bem, mas é preciso dar uma base sólida e concreta à personagem para que ela exista e possa durar toda a temporada. E outra coisa muito importante: o trabalho do ator é se preparar hoje para o papel que estará fazendo daqui 20 anos. É preciso aprender o máximo de coisas porque, um dia, você vai precisar saber.', Ewerton de Castro – Ator,diretor e professor de teatro.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Indaiatuba: o Havai não é aqui
Quem conhece, freqüenta e acompanha de perto a administração de Indaituba, não se surpreendeu com a colocação da cidade em primeiro lugar no Índice Firjam de Desenvolvimento Municipal, criado pela Federação das Industrias do Rio de Janeiro para medir anualmente a eficiência de políticas públicas em municípios brasileiros. Indaiatuba tem um plano diretor de 20 anos que vem sendo seguido por diferentes prefeitos.Tem um Plano Decenal de Educação tocado por um grupo que atua junto há mais de duas décadas, sobrevivendo bem às mudanças de prefeitos ou partidos no poder. A cidade destina à saúde 22% do Orçamento e 26% a Educação, mais do que o exigido pela Lei. As crianças recebem 10 mil horas de aulas, dos 3 meses aos 10 anos de idade e há prêmios para professores cujos alunos se destacam nas avaliações.Mais de 2 mil laptops são usados pelos alunos e o total vai passar dos 2 mil até o ano que vem. Grandes empresas instaladas na
cidade (Unilever,Toyota,Mann, Metaleve), são “motivadas” pelo prefeito Zé Onério a investir na produção artística local.Recentemente o Zé inventou um desafio: chamou 10 mil pessoas para plantarem 50 mil árvores em 45 minutos. Conseguiu. Mas apesar disso tudo a população de Indaiatuba não está satisfeita: Zé Onério não é candidato à reeleição.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Porre na TV local
Ontem, durante o horário nobre, a TV Thathi reprisou por mais de três horas sessões da Câmara Municipal realizadas no primeiro semestre do ano. Ao mesmo tempo, outra “educativa”, o Canal 9, exibia pela enésima vez um fatídico “Viva Noite Ribeirão”, onde um rapaz com um microfone nas mãos, uma câmera às costas e nenhuma idéia na cabeça, visitava a casa de um esotérico com cara de Mãe Dináh. Em outra emissôra,Canal 20 Net, ao som de bate estaca, uma patricinha circulava pela noite entre celebridades locais e outros alienados bêbados fazendo perguntas imbecis. Quem assistiu a programação local ontem, mesmo sem beber, evitou sair de casa depois, com medo de não passar pelo bafômetro da PM. Um porre que, com certeza, vai se repetir hoje, amanhã, sempre... Ou até quando o Ministério Público resolver tomar providências. Afinal, concessão para emissoras educativas, devem obedecer algum critério mínimo. Hoje sabe-se que qualquer mentecapto com dinheiro pode comprar horários e virar “repórti”. É o Brasil. É Ribeirão Preto.
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