sexta-feira, 22 de agosto de 2008
A Ribeirão que só a Globo vê
Em 1974, o economista Edmar Bacha cunhou expressão Belíndia para definir o que seria a distribuição de renda no Brasil: uma mistura entre uma pequena e rica Bélgica e uma imensa e pobre Índia .
Lembrei da expressão ao assistir uma matéria sobre Ribeirão Preto no Globo Repórter. É inacreditável. Os jornalistas da Globo continuam caolhos. Só têm olhos para a Fiúsa , a doméstica que subiu na vida , as super agências de automóveis da Vargas, as lojas do Boulevard ou as mansões da Califórnia Brasileira que limitam-se entre Lagoinha e Ribeiranea.
Com certeza, na segunda feira, depois do programa, um batalhão de migrantes colocou o pé na estrada rumo à Ribeirão que fica além do horizonte. Quando chegarem, seus horizontes serão uma das dezenas de favelas da cidade. Somarão ao exército de excluídos que não encontram trabalho por falta de qualificação profissional, escola para os filhos e por aí vai. É muita irresponsabilidade deste jornalismo impreciso e falacioso. Este fato lembrou-me também de uma declaração recente do Cícero Sandroni sobre ética jornalística : Não acredito que exista uma ética profissional e sim pessoas éticas. A ética é uma coisa só. A maneira de impedir o jornalismo irresponsável é adequar as empresas a uma posição ética. Para se chegar nesse estágio as empresas de mídia precisam ser fiéis e objetivas com o público e oferecer informações de modo bem feito e eficiente. O que importa para o leitor é credibilidade, informação verdadeira. E basta isso.
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